Abr 04 2006

JAZZ EM BEJA

Publicado por as 15:30 em A minha cidade

A oferta cultural em Beja é escassa, limitada, rotulada.
Serve uma faixa bem definida da população, deixando de fora outros gostos, ignorando outras orientações.
O jazz não é acessível, não é para todos os ouvidos e é, muitas vezes, rejeitado.
Dada a escassez de espectáculos na nossa cidade, os públicos, porém, vão a todas. Mesmo que a motivação esteja muito aquém do gosto.
Compreende-se por isso que o Pax Julia tenha quase esgotado para o espectáculo de Jacinta.
Perante a “oferta” de Jacinta, a ocasião não poderia ser desperdiçada. Daí a mistura de públicos numa sala que nunca chegou a aquecer, apesar de ao 2º tema já Jacinta nos vir dizer que havia calor da plateia para o palco e vice-versa. Foi uma tentativa de captar um público pouco habituado ao jazz.
Porém, em cima do palco esteve uma Jacinta, talentosa, é verdade, mas cuja prestação não chegou para cativar os ouvidos mais exigentes. A companhia também não ajudou. Sabemos que quando é a voz que tem que brilhar, nada se lhe deve sobrepor, mas um certo apagamento dos músicos não trouxe benefícios ao espectáculo. Os músicos são bons, a voz é forte e impregnada de talento, mas o “Day Dream” (espectáculo) é uma desilusão. Talvez não seja este o caminho de Jacinta. Uma audição atenta e comparativa dos seus 2 trabalhos faz-nos perceber porque “A Tribute…” é ainda o seu disco de referência. Não sei se o jazz cantado em português é aquele que melhor pode potenciar a energia de Jacinta. Duvido.
Foi um concerto fraco. Que não deixou marcas.

Aplaudo a iniciativa deste ciclo de Jazz. Não precisa de ser perfeito para constar dos calendários dos festivais. Precisa, sim, de continuidade. O público de jazz agradece.

Share

17 Resposta a “JAZZ EM BEJA”

  1. mad diz:

    Muito bem.

  2. zig diz:

    Nisso tens razão. Quando a oferta não é muito grande, vai-se a todos. Só que por vezes acontece que há espectáculos muito bons mas com escassa assistência. Razões? Ou dá um jogo qualquer na TV, ou uma estúpida novela está quase no fim, circo na TVI – sei lá.
    Mas tens de reconhecer, ainda bem que o Pax Julia existe, não achas?
    Só uma palavra ao Jazz. Esse estilo musical tem os seus adeptos, mas não sou um deles. Gosto de música, sim, de quase todos os estilos, do Jazz nem tanto.

  3. viperino diz:

    Quem … ? Mad

    O João …? ou a iniciativa ..?

  4. mad diz:

    Viperino, muito bem o João e a iniciativa em si.
    Mas o concerto da Jacinta ia tendo uma espectadora a dormir.

  5. viperino diz:

    OK.. Mad
    esclarecido … 😉

  6. pontapé na lógica diz:

    Mas não será

  7. nikonman diz:

    @pontapé-na-lógica – são os mesmos olhares que me “comem” numa serenata de fado de Coimbra se me atrevo a bater palmas; são os mesmos olhares que me “fuzilam” se falo numa sessão de fados e guitarradas; são os mesmos olhares que me “matam” se tusso numa ópera.
    Cada espectáculo tem o seu público. Salada de fruta só mesmo depois da refeição. E mesmo aí não deve ser de lata. Não concorda?

  8. pontapé na lógica diz:

    @Nikonman

    Aproveito, ainda, para o recordar que o Jazz nasceu do povo para o povo. Só recentemente as “elites” se apropriaram deste estilo musical, que segundo você “não é para todos os ouvidos” . A sociedade tem destas coisas – aquilo que hoje é a cultura do plebeu, amanhã é do aristocrata. Acha que este fenómeno de transferência cultural se deu de um dia para o outro? Sem saladas-de-fruta? Não me parece!

  9. RCataluna diz:

    Inteiramente de acordo!

  10. nikonman diz:

    @pontapé-na-lógica – não sei o que é isso de “o jazz nasceu do povo para o povo”, mas sugiro que pesquise sobre as origens do Jazz (jass – de jasmin, aroma de prostitutas), sobre New Orleans, o Dixieland, etc. E repito: o jazz não é para todos os ouvidos. Assim como o Fado também não o é (para os meus, por exemplo, que só conseguem suportar uma única fadista). De resto, estou tentado em concordar que de uma salada de frutas possa nascer algo de frutuoso.

  11. Salsa Rosa diz:

    Pois eu não gostei nada do espectáculo… nada mesmo!

  12. pontapé na lógica diz:

    Porque sou apreciador do género, conheço as origens do jazz, mas obrigado pelas dicas.

    Quando me refiro a

  13. MN diz:

    Conversa interessante. Na minha opinião, o Jazz nem é o estilo mais exigente em relação ao público; apesar de gostar, “sofro” muito mais com a música clássica, onde me sinto por vezes perfeitamente ignorante. Concordo em traços gerais com o pontapé-na-lógica; as orelhas educam-se… 🙂

  14. sonia diz:

    Enquanto espectadora pouco apreciadora e menos conhecedora de Jazz, posso dizer que a Paula Oliveira me encheu as medidas – voz, repertório, simpatia!

  15. Anónimo diz:

    desisto. educar orelhas?

  16. jack diz:

    “Dada a escassez de espectáculos na nossa cidade, os públicos, porém, vão a todas. Mesmo que a motivação esteja muito aquém do gosto.
    Compreende-se por isso que o Pax Julia tenha quase esgotado para o espectáculo de Jacinta.”

    Lê-se cada barbaridade.

  17. nikonman diz:

    @jack – é verdade! (a barbaridade)

Deixe Uma Resposta