Fev 07 2006
CORREIO DO LEITOR
Da leitora LCBC recebi um mail, do qual transcrevo o seguinte:
“Quando se está há uns anos por fora tem-se outra perspectiva do que ocorre nos locais que em tempos foram o nosso mundo. Apesar de se continuar a manter o contacto, a saber das novas através dos jornais, a informação é sempre distorcida. Por isso, encontrar um blog onde é descrito e são contadas as historias, fomentadas opiniões sobre a realidade das minhas origens, é simplesmente delicioso.
Encontrei-o por acaso.
Porque há tempos constou-me que andavam a comentar sucedidos acerca da minha antiga escola – Santiago Maior. A minha opinião acerca do que ocorre pode ser distorcida também. Isto porque ainda hoje os laços
que mantenho com a escola são mais complexos e têm associados vínculos familiares.
A minha viagem após a conquista da maturidade, pode-se descrever de modo muito simples. Vim para a capital. Licenciei-me em Economia. Segui o Ramo Prospectiva e Desenvolvimento visando que o que andava a estudar se tornasse útil para a minha terra. Pensei que um dia iria regressar e que iria ter imensas facilidades, pois tinha sido formada numa boa escola, seguido uma área muito vocacionada para o Alentejo e Alentejanos.
E, como quando terminei o curso as portas não se abriram…pensei que o erro talvez fosse meu. Entao ingressei num mestrado – Economia Agrária e Sociologia Rural.
Continuei a pensar que poderia regressar e optei por uma tese que também pudesse interessar: Valorização e estratégias de marketing nos produtos DOP: estudo de caso do porco alentejano.
Até que no final do ano transacto deixei de lado os pensamentos. A tese não interessava aos supostos interessados – produtores. Como demoraram 3 meses a informar do eventual interesse (ou falta dele..) o tema foi para o senado e nisto não se pode mudar.
Optei por estudar os consumidores. Quando acabar, daqui a uns meses, vai ser arquivada e esquecida numa biblioteca qualquer.
Valha pelo menos o grau que espero conseguir…!
Enfim…passados 6 anos o meu regresso deixou de ser prioritario. Há quem lhe interesse a minha formação e a minha capacidade e vontade de trabalhar. Lá fora…
Revolta-me quando se chora nos meios de comunicação que o nosso Alentejo não tem gente, que tem tudo para se desenvolver..blá…blá…
Não se desenvolve porque tal não se deseja. Porque há sempre alguém que conhece alguém cujo amigo tem um filho que acabou o curso. E se não tem nada a ver com o
necessário…também não importa…! Vivam as connections! (A proposito disso, de ter sido seleccionada internacionalmente para funções, perguntaram-me se tinha sido cunha. Disse que não, que foi merito! Choque total…!)”.
7 de Fevereiro de 2006 às 15:17
Como eu a compreendo, LCBC. Há anos que assisto a esse processo de expulsão – ou de não aproveitamento, como lhe queiramos chamar – de um conjunto de pessoas inteligentes, competentes, de espírito crítico e ainda por cima com entusiasmo e empenho para ver Beja transformada naquela cidade moderna e de média dimensão, como muito se apregoa por aí.
O problema é que o poder político molda o espírito dos sítios onde vivemos e este, infelizmente, gosta de carneiros obedientes e bem comportados, que não levantem muitas ondas e que não tenham muitas veleidade democráticas.
Competência? Isso ainda se usa?
Acredite, LCBC, que não perde muito em não ter conseguido trabalho aqui na capital de distrito que facilmente é ensombrada pelas vilas e novas cidades que a rodeiam.
Aqui não se aprende nada e o que já se aprendeu desaprende-se.
Parabéns pela selecção… sem connections.
7 de Fevereiro de 2006 às 15:58
Cara LCBC…também eu passei pela Santiago Maior..como professor em 1996..talvez até tenha sido minha aluna.
Força pelas suas palavras e pelo seu querer e nunca mas por nunca desista de acreditar..em si!!!
SABA
7 de Fevereiro de 2006 às 20:34
eu sou mais uma das que daí saiu sem ter tido as oportunidades que tanto persegui!
Volto sempre que posso mas com o passar dos anos a distância alonga-se…
7 de Fevereiro de 2006 às 20:42
@LCBC
No Alentejo, vivemos entre dois poderes: 1º – O político (os chamados novos burgueses)
7 de Fevereiro de 2006 às 23:11
Muito agradeço as opiniões aqui expressas. Não só pelas palavras simpaticas e encorajadoras mas, sobretudo pelo facto de terem opinado.
Desistir não desisto. Continuo com objectivos bem definidos. Afinal, gostei do que estudei e até interessa noutros locais que não o tinha sido pensado inicialmente. Quem corre por gosto não cansa, já la dizia o ditado!
Concordo plenamente em relaçao ao que é referido sobre os poderes. O que é fundamental é de uma mudança de estruturas. Alias, desenvolver pressupõe crescimento e uma mudança. E mudar é alterar. Optar por outros métodos, outras estratégias, outros meios. Readaptar objectivos. Reafectar recursos. Incorporar outras visões. E, sobretudo ter a humildade para reconhecer que não sabemos tudo, que nunca saberemos e que erramos. Reconhecer erros e seguir.
Isto é tudo muito interessante … mas … porque existe sempre um mas … da trabalho!!!! Porque raio se vai mudar, quando se até aqui as gentes se acomodaram? E depois…Depois toda a gente que não é nossa gente gosta disto porque é assim.Assim, sossegadito…
8 de Fevereiro de 2006 às 0:33
Bem, a minha filha estuda nessa escola, está no 8º ano, a ver vamos….
10 de Maio de 2006 às 23:20
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