Jan 08 2006
VEM-TE CAMARADA OU VEM MEU CAMARADA?
Sob esta entrada apareceram algumas propostas poéticas que provocaram reacções literário-gramaticais.
Vejam só:
che – “Devias ter escolhido um semi-nu de uma mulher que conjuga na perfeição a beleza física com o glamour, a sensualidade e os ditos espirituosos: Odete Santos”
nikonman – quando vem o nome de Odete à liça, imagino-a a declamar:
“Ah, vem meu camarada
com tua proletária língua
desfazer-me a luxúria
que me traz em míngua”
Ao que o che contrapõe:
“Ó minha briosa deputada,
e formosa de porte maneirinho,
em vez de língua talvez rabanada,
ou os serviços do mestre pelourinho”
A douta Edite* não gostou do que leu e sentencia:
@ Nikonman
Mais uma pequena intervenção minha, na área do bem escrever, a propósito de uma versificação mal conseguida de rima pobre, e grave erro de metrificação:
Escreveu Nikonman:
“Ah, vem meu camarada
com tua proletária língua
desfazer-me a luxúria
que me traz em míngua”
Ora,isto é muito mauzinho nos propósitos e não soa bem. É pouco musical. Vejamos: Citando Teófilo Braga: “quando o acento é de intensidade, pela coincidência do íctus gramatical da palavra com o íctus prosódico ou cadência métrica, usa-se o sistema de acentuação na métrica das Línguas Modernas ou Românicas..” sic
Neste caso, proporia, o seguinte min*t*, sem atraiçoar o que o autor quer implícito:
“Vem-te camarada em fúria
Com tua proletária língua
Desfazer-me esta luxúria
Que me traz em tanta míngua”
Estou certa que a Odete e o Che gostariam mais assim
Sempre atenta e disponível
Sua Edite*
Quando parecia que a questão estava arrumada, fez-se ouvir o protesto de Che:
“@douta Edite,
Inaugurada a repreensão formal, com recurso à mortificação metrificável, venho eu, em socorro do que os acertos cosméticos da embalagem podem fazer ao desprotegido do “conteúdo” que, coitado, não tem, certamente, culpa alguma dessas operações plásticas.
Concretizemos:
Ora, acha V.Exa que, mesmo lucrando a musicalidade, ou a conveniência da métrica, se pode equiparar o verso “Ah, vem meu camarada”, ao que propõe: “Vem-te camarada em fúria”??!!
Pelos céus!
O verso nikonmaniano apelava para a exortação heróica e revolucionária, para a convocação dos préstimos valorosos do camarada que se junta à causa.
Em contrapartida, o verso sugerido não ultrapassa a elementaridade grosseira do comando porno-sádico, pois remete para a violência palavrosa de um coito despudorado, onde a parceira insaciável e rude exige do camarada-parceiro, que se imagina furioso, que ele obtenha o climax sexual.Nunca os reparos da “forma” feriram tão perversamente a essência de um “conteúdo” que quase comove pela asséptica intencionalidade.”
Afinal em que ficamos? Vem-te camarada ou Vem meu camarada?
A voz aos poetas.
8 de Janeiro de 2006 às 16:15
A Edite,a Edite Estrela?…
8 de Janeiro de 2006 às 17:34
Re21, o nikonman não faz por menos 🙂
8 de Janeiro de 2006 às 17:39
Bem me parecia 😉
8 de Janeiro de 2006 às 19:12
Da tempestade em língua
que afoga o corpo sedento
Ressalvo o brilho da míngua
desse “te” coisa exígua
que altera todo intento
Palavra um pouco oblíqua
um “te” é hipotenuso
mas é elemento que estica
Não tem a mesma pica
se faltar ao mano tuso
Fica pois só em São
Sem o “te” aconchegado
Levantando o orgulho do chão.
Um “te” é um Campião.
Proletário de peito inchado.
Derrubando assim barreiras
das burguesias abastadas.
Que saltem as primeiras
Segundas ou terceiras
Venham-se nas “te
8 de Janeiro de 2006 às 21:44
Vem meu camarada, e vem-te!
9 de Janeiro de 2006 às 12:46
Será que eu posso meter a colher? Á cautela tiro os paramentos não vá eu pecar
Oh meus amigos! Então que é lá isso ??….
Qualquer dia parece que estou mesmo a ver ao que pode levar um inocente verso nikonmaniano:
O Che de óculos na testa
Aprestanto-se pró min*te
Tornando uma simples festa
Num prolongado banquete
E ela, a camarada-canhão qual odalisca, bem fornecida e incitativa:
Vem-te camarada à racha!
Vem-te e faz-me feliz!
Em meio metro de pachacha
Lava a língua mete o nariz
Ah! camarada-parceiro!
Aproveita antes que eu parta
Sou virgem e és o primeiro
Resfolega aí à farta.
Vem-te camarada agora!
Há um ano que não f*do
Logo logo vou-me embora
Não temos o dia todo
Enfim…
Aqui na Praça há encontros e desencontros, e pelos vistos filhos e enteados.
Só a alguns, poucos, o Sr. Nikonman atribui mordomias e privilégios. Não vislumbro o que é que esse moscovita do Sr. Che tem que o resto da plebe não tenha. Só se for meio metro de língua. Só se for o badalo …
Nikonman. Por quem é! O Sr desiludiu-me! O sol que Deus nos dá, quando nasce é para todos!
Sabia????
9 de Janeiro de 2006 às 12:51
“aprestando-se”
ai a gralha que me estraga o verso! desculpa Che
9 de Janeiro de 2006 às 17:23
@diácono,
Moscovita? Altó lá e pára o baile! A capital do meu ideário sempre se chamou, singelamente, futuro. Os “presentes” que na terra se fizeram desse futuro, nunca tiveram lugar marcado para mim…
Quanto aos versos, torno com uma quadra enigmática..
Ao lê-lo ficou-me a impressão
de ser o seu verso familiar,
mas de um padre não encontro razão
para falar como um militar.
E quanto aos privilégios… mostre obra que se veja, só ela abre as portas do céu.. e do praça.
9 de Janeiro de 2006 às 20:00
@Che
ah meu mariola !!