Jan 08 2006

VEM-TE CAMARADA OU VEM MEU CAMARADA?

Publicado por as 15:52 em Geral,Poetas

Sob esta entrada apareceram algumas propostas poéticas que provocaram reacções literário-gramaticais.
Vejam só:

che – “Devias ter escolhido um semi-nu de uma mulher que conjuga na perfeição a beleza física com o glamour, a sensualidade e os ditos espirituosos: Odete Santos”
nikonman – quando vem o nome de Odete à liça, imagino-a a declamar:

“Ah, vem meu camarada
com tua proletária língua
desfazer-me a luxúria
que me traz em míngua”

Ao que o che contrapõe:

“Ó minha briosa deputada,
e formosa de porte maneirinho,
em vez de língua talvez rabanada,
ou os serviços do mestre pelourinho”

A douta Edite* não gostou do que leu e sentencia:

@ Nikonman
Mais uma pequena intervenção minha, na área do bem escrever, a propósito de uma versificação mal conseguida de rima pobre, e grave erro de metrificação:

Escreveu Nikonman:

“Ah, vem meu camarada
com tua proletária língua
desfazer-me a luxúria
que me traz em míngua”

Ora,isto é muito mauzinho nos propósitos e não soa bem. É pouco musical. Vejamos: Citando Teófilo Braga: “quando o acento é de intensidade, pela coincidência do íctus gramatical da palavra com o íctus prosódico ou cadência métrica, usa-se o sistema de acentuação na métrica das Línguas Modernas ou Românicas..” sic

Neste caso, proporia, o seguinte min*t*, sem atraiçoar o que o autor quer implícito:

Vem-te camarada em fúria
Com tua proletária língua
Desfazer-me esta luxúria
Que me traz em tanta míngua

Estou certa que a Odete e o Che gostariam mais assim
Sempre atenta e disponível
Sua Edite*

Quando parecia que a questão estava arrumada, fez-se ouvir o protesto de Che:

“@douta Edite,
Inaugurada a repreensão formal, com recurso à mortificação metrificável, venho eu, em socorro do que os acertos cosméticos da embalagem podem fazer ao desprotegido do “conteúdo” que, coitado, não tem, certamente, culpa alguma dessas operações plásticas.
Concretizemos:
Ora, acha V.Exa que, mesmo lucrando a musicalidade, ou a conveniência da métrica, se pode equiparar o verso “Ah, vem meu camarada”, ao que propõe: “Vem-te camarada em fúria”??!!
Pelos céus!
O verso nikonmaniano apelava para a exortação heróica e revolucionária, para a convocação dos préstimos valorosos do camarada que se junta à causa.
Em contrapartida, o verso sugerido não ultrapassa a elementaridade grosseira do comando porno-sádico, pois remete para a violência palavrosa de um coito despudorado, onde a parceira insaciável e rude exige do camarada-parceiro, que se imagina furioso, que ele obtenha o climax sexual.Nunca os reparos da “forma” feriram tão perversamente a essência de um “conteúdo” que quase comove pela asséptica intencionalidade.”

Afinal em que ficamos? Vem-te camarada ou Vem meu camarada?
A voz aos poetas.

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9 Resposta a “VEM-TE CAMARADA OU VEM MEU CAMARADA?”

  1. re21 diz:

    A Edite,a Edite Estrela?…

  2. mad diz:

    Re21, o nikonman não faz por menos 🙂

  3. re21 diz:

    Bem me parecia 😉

  4. charlie diz:

    Da tempestade em língua
    que afoga o corpo sedento
    Ressalvo o brilho da míngua
    desse “te” coisa exígua
    que altera todo intento

    Palavra um pouco oblíqua
    um “te” é hipotenuso
    mas é elemento que estica
    Não tem a mesma pica
    se faltar ao mano tuso

    Fica pois só em São
    Sem o “te” aconchegado
    Levantando o orgulho do chão.
    Um “te” é um Campião.
    Proletário de peito inchado.

    Derrubando assim barreiras
    das burguesias abastadas.
    Que saltem as primeiras
    Segundas ou terceiras
    Venham-se nas “te

  5. Che diz:

    Vem meu camarada, e vem-te!

  6. diácono diz:

    Será que eu posso meter a colher? Á cautela tiro os paramentos não vá eu pecar

    Oh meus amigos! Então que é lá isso ??….
    Qualquer dia parece que estou mesmo a ver ao que pode levar um inocente verso nikonmaniano:

    O Che de óculos na testa
    Aprestanto-se pró min*te
    Tornando uma simples festa
    Num prolongado banquete

    E ela, a camarada-canhão qual odalisca, bem fornecida e incitativa:

    Vem-te camarada à racha!
    Vem-te e faz-me feliz!
    Em meio metro de pachacha
    Lava a língua mete o nariz

    Ah! camarada-parceiro!
    Aproveita antes que eu parta
    Sou virgem e és o primeiro
    Resfolega aí à farta.

    Vem-te camarada agora!
    Há um ano que não f*do
    Logo logo vou-me embora
    Não temos o dia todo

    Enfim…
    Aqui na Praça há encontros e desencontros, e pelos vistos filhos e enteados.
    Só a alguns, poucos, o Sr. Nikonman atribui mordomias e privilégios. Não vislumbro o que é que esse moscovita do Sr. Che tem que o resto da plebe não tenha. Só se for meio metro de língua. Só se for o badalo …
    Nikonman. Por quem é! O Sr desiludiu-me! O sol que Deus nos dá, quando nasce é para todos!
    Sabia????

  7. diácono diz:

    “aprestando-se”

    ai a gralha que me estraga o verso! desculpa Che

  8. Che diz:

    @diácono,

    Moscovita? Altó lá e pára o baile! A capital do meu ideário sempre se chamou, singelamente, futuro. Os “presentes” que na terra se fizeram desse futuro, nunca tiveram lugar marcado para mim…

    Quanto aos versos, torno com uma quadra enigmática..

    Ao lê-lo ficou-me a impressão
    de ser o seu verso familiar,
    mas de um padre não encontro razão
    para falar como um militar.

    E quanto aos privilégios… mostre obra que se veja, só ela abre as portas do céu.. e do praça.

  9. Diácono diz:

    @Che

    ah meu mariola !!