Nov 03 2005
UMA NOVA CULTURA PARA BEJA
A nossa cidade está a transformar-se de uma forma nunca dantes vista e que, até há bem pouco tempo, não se imaginava.
O comércio tradicional foi um assunto badalado e rebadalado na recente campanha eleitoral, há um pacote enormíssimo de soluções e, não duvido, em breve o centro da cidade voltará a ter movimento, animação e, principalmente, muita gente.
Para isso estão a contribuir as lojas de ocasião.
Acho que é assim que lhes chamam, apesar de eu as ver mais como “Lojas de Genéricos“, pois vendem os produtos mais baratos, apesar de se saber que a sua eficácia é menor.
Por exemplo, uma borracha daquelas da Faber Castell, com duas cores, pode comprar-se numa dessas lojas por quase metade do preço praticado por uma papelaria de referência, mas a sua eficiência é infinitamente menor, pois quebram-se rapidamente e não atingem plenamente os objectivos para que são compradas.
Também temos os leites, os sabonetes, as velas, (há pensos higiénicos nestas lojas?), os CD’s, papel higiénico, etc…! Tudo mais barato, de facto, mas de qualidade inferior.
Mas o que é preciso é que, quando vamos pagar, a carteira não se esvazie tão depressa.
E nisso, sejamos justos, estas Lojas são do melhor que há.
Precisamente por desejarem a poupança dos portugueses, e neste caso, dos bejenses, todas as autoridades adoptam um comportamento liberal, diria mesmo, globalizante, e licenciam e autorizam para que em cada esquina nos apareça todos os dias uma nova loja.
Aqui, em Beja, na Avenida Miguel Fernandes, onde antigamente estava uma grande loja que vendia mil e uma coisas, (acho que se chamava Correia), vai surgir mais uma loja asiática. Na Rua das Lojas, também um supermercado deu lugar a um estabelecimento de pronto a vestir e coisas do género, tudo a preços baixos.
Se contarmos bem o número destes estabelecimentos que já se instalaram no Centro Histórico e cercanias, temos que concordar que o comércio tradicional está a dar lugar a uma nova forma de consumo. O Bom, bonito e caro (particularidade bejense), deu lugar ao Barato, mau e feio.
Por isso digo que Beja se está a transformar. Rapidamente. E a gente agradece.
Espera-se agora que esta explosão do novo comércio seja acompanhada, também, pela introdução de uma nova cultura (ou culturas, se quiserem).
Poderemos começar pela toponímia da nossa cidade. Há ruas com nomes de celebridades que ninguém conhece. Por isso, e já que falei no Miguel Fernandes (sabem quem foi, sabem?), que tal se mudarmos o nome para 瓷街道?
E se alterássemos o nome da Rua da Ancha (não sabem o significado, pois não?) para 모스크바의 가두 ? Ah, mantendo, é claro, os nomes anteriores, em placas separadas, para que as gerações vindouras saibam que aqui houve um povo lusitano, que escrevia em português, mas tinha a mania de mudar os nomes às ruas.
O que é que acham?
3 de Novembro de 2005 às 17:07
Como é que se mandam os Amarelos para o C******* em Chinês?
3 de Novembro de 2005 às 20:09
A única forma de valorizar o Centro Histórico de Beja é ao exemplo dos espanhóis, fazer com que se torne de novo o local onde todos os bejenses confluam de dia e de noite. Penso que talvez sejam os chineses os únicos a lutar por isso, pois se repararmos com atenção, vimos que comércio, restaurantes e cafés fazem exactamente o contrário. Além de Modelos e Lidles que teriam de óbrigatóriamente ficar na periferia, qual a explicação para os restaurantes e cafés de sucesso estarem todos também aí? Lembro por exemplo a praça em frente ao Hotel Francis, que tirando o período de inverno, é um centro da diversão nocturna, mesmo sem lugar algum para estacionar os carros. Daqui o meu apelo para que se continue aqui a falar deste tema da dinamização do Centro Histórico, e já que as entidades responsáveis não o fazem, tentarmos aqui perceber os porquês e o que poderá ser feito para alterarmos esta anómala situação.
3 de Novembro de 2005 às 22:32
@charlie – é assim: 去地狱
3 de Novembro de 2005 às 23:00
Realmente, é o descalabro da cidade e não só…
Infelizmente não é só Beja, como também é o País, a Europa e o Resto do Mundo.
P.S.-“Quando é que mudamos os nossos B.I’s para nacionalidade chinesa??”.
4 de Novembro de 2005 às 0:44
Com a precisão do costume…
4 de Novembro de 2005 às 11:32
E já reparam como practicamente não se encontram cães vadios na nossa cidade?
4 de Novembro de 2005 às 15:53
Desejos de um bom fim de semana e o convite para uma visita ao blog “SABIA QUE …? no endereço http://saberebom.blogspot.com que abre hoje as suas portas com informações úteis para todos.
O “post” de abertura é sobre a DIETA MEDITERRÂNICA.
Lá vos aguardo.
Abraços.
4 de Novembro de 2005 às 21:57
Incisivo!
Inquietante!
5 de Novembro de 2005 às 0:59
Caro João,
Deixa-me dizer-te que toda esta invasão dos chineses não me espanta. Quando estudei em Lisboa, tive cerca de 2 anos numa residência universitária, onde também estavam alguns macaenses. Aliás um deles era mesmo meu colega de curso e de turma. A imagem que me ficou dessa altura e que afinal se confirma cada vez mais, era a atitude emotiva que punham em tudo o que faziam. Desde o jogo de cartas até ao estudar para os exames, tudo era feito com “alma” e com uma dedicação extrema. Não tinham horários para nada. Quando jogavam ás cartas, faziam-lo a noite inteira e até depois do meio-dia, e o mesmo se aplicava a tudo. A minha questão neste momento é que nós europeus, teremos por mais que nos custe, de competir com eles, o que na altura e tomando-me como exemplo já me parecia impossivel. Um abraço.
5 de Novembro de 2005 às 1:08
Claro que “estive”. É por isso que detesto escrever para aqui, pois não posso voltar atrás e apagar estes “alentejanismos” com que terei de viver até ao fim dos meus dias…
15 de Novembro de 2005 às 16:28
a verdade é que os chineses tem sucesso onde o nosso comercio tradicional ,não tem ,só me pergunto o porquê?, os chinesses estão a ficar com os melhores espaços comerciais da nossa cidade,será que eles recebem algum subsidio do governo chines? para se implantarem em todo o mundo,para eles puderem escoarem a produção chinesa.dá que pensar.