Nov 10 2005
UMA GREVE
Hoje, quando fui deixar uma das minhas filhas na Escola EB2,3 de Santiago Maior/Beja, deparei-me com o cenário dos funcionários da referida Escola estarem à porta do referido estabelecimento de ensino, a mandar avançar os carros dos pais que aí iam deixar os filhos, dando-lhes indicação de “Estamos em greve, não há aulas”.
Um funcionário, não sei porque carga de água, pediu-me para abrir a janela do carro, pois achou que me devia dar mais explicações: “Não há aulas porque não há condições para que a Escola funcione com normalidade”. Fiz-lhe ver, naquela milimétrica conversa que, daquela forma, a greve iria virar os pais contra os funcionários e a Escola.
Não houve informação atempada e, soube posteriormente pela Rádio, a Associação de Pais da Escola afixou, ontem à tarde, um comunicado a informar da greve. Ora ontem, Quarta-feira, a maior parte dos alunos não tem aulas e, alguém parece desconhecer os hábitos da maior parte dos pais, são raros os encarregados de educação que entram na Escola para ir buscar os seus filhos. Logo, esse comunicado foi a jogar para nulos.
Mas, e há sempre um mas nestas histórias, pergunto eu: os miúdos que vêm de camioneta, das diferentes localidades, e que usam o cartão magnético para pagar os seus almoços no refeitório da Escola, portanto sem dinheiro para ir comprar um pastel qualquer, como é que vão hoje ter o seu almoço? Alguém, por acaso, pensou nisso?
(Nota: nada tenho contra as greves e eu próprio sou presidente de uma associação de pais, mas aquilo que ali se passou/está a passar, deixa-me sérias dúvidas sobre o papel/responsabilidade que cada um de nós tem na comunidade escolar)
10 de Novembro de 2005 às 12:19
Aconteceu-me o mesmo esta manhã. Já estou habituado. Volta e meia a minha filha telefona-me a dizer que tem “feriado” e se pode ir ao parque. Isto combinado com o reduzido tempo de aulas do ano em comparação com outros países não admira que se fala tanto do pouco aproveitamento escolar em Portugal.
10 de Novembro de 2005 às 17:29
Aproveito alguns minutos da minha componente individual (destinada à preparação de aulas dos meus alunos) para o esclarecer sobre alguns assuntos que parece desconhecer.
Nenhum funcionário é obrigado a avisar da sua intenção de fazer greve; quando há greve, os funcionários não podem ser substituídos nos seus locais de trabalho. Não sei se isto está correcto, mas a verdade é que é assim.
Tanto quanto sei o único papel afixado na escola sobre este assunto não era da Associação de Pais e não dizia que não havia aulas. Dizia apenas que poderia não haver condições de funcionamento e segurança. Tanto quanto sei o papel foi afixado para permitir aos pais decidir se deixavam ou não os filhos na Escola. Isto porque, quando ocorreu a última greve, muitos senhores pais se queixaram de as aulas terem sido interrompidas a meio da manhã. Normalmente é-se preso por ter cão e por não ter.
Se acha normal uma Escola funcionar sem bar, sem refeitório, sem casas de banho limpas, sem vigilância, gabo-lhe o gosto….
Não deve ser este ano que a sua filha vai para o parque quando tem feriado; pelo menos nós estamos fartos de ocupar alunos nessa situação. Se calhar ela pulou o muro e você nem soube… e seria bem pior se hoje ficasse na escola sem ninguém para fazer vigilância.
Num ponto estamos de acordo, são muito poucos os pais que entram na escola; no entanto, para abrir a boca e dizer barbaridades…
Quanto ao papel de cada um na comunidade escolar, de certeza que quem tem dúvidas não são os professores. Talvez os pais tenham dúvidas quanto ao seu papel na vida dos filhos, já que tantas vezes esse papel é assumido por professores e funcionários.
10 de Novembro de 2005 às 18:34
@anónimo professor – misturar alhos com bugalhos é muito pouco pedagógico e em nada abona a respeitosa classe a que pertence. Vou pois tomá-lo como uma excepção.
Em nenhuma parte do meu texto escrevi que os funcionários deveriam ter informado da greve. Os mecanismos legais contemplam o pré-aviso de greve e quem quiser adere, quem não quiser, não adere.
O papel afixado na Escola, segundo os OCS que deram a notícia, era da responsabilidade da Associação de Pais. E, segundo os mesmos OCS o papel “Dizia apenas que poderia não haver condições de funcionamento e segurança”. Certamente devido à ausência dos funcionários que, tanto quanto se sabe, não decidiram ir fazer uma excursão à Serra da Estrela mas sim fazer uma greve. Certo?
Eu não disse que “achava normal uma Escola funcionar sem bar, sem refeitório, sem casas de banho limpas, sem vigilância, gabo-lhe o gosto….”, pelo que é a sua imaginação a funcionar e a aferir o meu gosto por essa mesma imaginação.
Quanto ao feriado e ao Parque, esse é um assunto levantado por um comentador, mas que, parece, me quer atribuir. Alhos e bugalhos, pois claro!
Na parte final do seu comentário é evidente o seu incómodo pelo aparente abandono a que alguns pais “tantas vezes” deixam a educação dos seus filhos. É uma realidade. Se encontrar uma solução, eu, enquanto pai, encarregado de educação e presidente de uma associação de pais, ficar-lhe-ei muito grato pelo seu contributo na divulgação dessa mesma solução. E, garanto-lhe, estarei na primeira fila para aplaudir e subscrever essa solução. Não podem é alguns professores e outros agentes escolares apontar o dedo acusador quando, sabe-se, o problema não é de solução fácil (se é que para algumas famílias ele terá solução).
Agradeço o seu contributo neste blog.
10 de Novembro de 2005 às 18:53
@Nikonman
é pura reacção corporativa a do professor anónimo.O homem está enfiado até à medula, no sistema de educação que temos: o centralismo democrático dos professores
Na alta concepção destas componentes do sistema, os alunos só andam lá a empatar.
e viva o monstro que se auto renova!!!!!!!
atenção: eu conheço muitos e muitos e bons professores, mas há infestantes que contaminam a floresta.
um pai anónimo
10 de Novembro de 2005 às 18:54
Já agora gostava de ver uma coisa esclarecida.
Havia funcionários à entrada da escola a impedir a entrada dos alunos porque devido à greve não havia condições para a escola funcionar. Certo?
Mas a essa hora, onde estavam as senhoras professoras que fazem parte do Conselho Executivo??
Se calhar ainda estavam no quentinho dos seus lençóis…
Ou então, a recuperar da festa do dia anterior (inauguração do pavilhão)…
Não seria de esperar que com o aviso de greve, estivessem na escola para decidirem qual a melhor posição a tomar??
Ou será que a escola é dirigida por funcionários que decidem se há condições para que ela funcione ou não??
Pelos vistos os funcionários de serviço à portaria são tão importantes que foram eles a dar as entrevistas às rádios locais, esclarecendo a população.
10 de Novembro de 2005 às 19:00
esse senhor professor anónimo deve ser daqueles bafientos, que odeiam os pais e as respectivas associações. para eles as associações de pais só servem para meter areia na engrenagem deles. e ainda vem para aqui mandar postas de pescada.
10 de Novembro de 2005 às 19:58
@pró pessoal todo, e o que ainda há-de meter a colher
Sabem alguns muito bem que eu tenho a trechera dadultos tirada à noite, de modo que sempre há coisas que a gente matina mas depois não sai como a gente quer. Mas cá vai a minha:
Eu trabalho na horta que tenho, não posso fazer greve senão a leira de coentros não nasce, mas cada um sabe de si por ter donde lhe venha. Não sendo eu contra as greves normais, de pessoas normais que lutam por causas normais ou direitos normais em dias normais, acho muito anormais todas aquelas greves marcadas para os dias anormais de ponte e vésperas anormais de fim de semana. Calha quase sempre nesses dias
Ora eu acho que isso não é greve é manhosice.
Sabe a gente que o trabalho não azeda, e se muito pessoal tivesse que deitar na açorda o coentro que semeia, nem ortigões lá metiam.
Eu se mandasse ainda marcava um dia de greve ao descanso, assim uma coisa onde a malta tivesse que trabalhar a dobrar, a ver quem alinhava.
10 de Novembro de 2005 às 20:10
Ó porra, ainda me esqueci desta:
não vale a pena dar tanta porrada no homem que ele se calhar até é bom professor e dos tesos. Pode é andar mal acompanhado ou então ainda não ter moços. Porque se tivesse um mocinho ou dois na escola se calhar não se jogava dessa maneira a quem tem filhos, assim a modos que ressabiado!
e desculpem a ignorância dum pobre cavador de enchada
10 de Novembro de 2005 às 20:49
O quê é que eu fui dizer……
10 de Novembro de 2005 às 22:40
Pois, eu também fui surpeendido na manhã de hoje junto à escola. Lá tive de arranjar um alternativa (desenrrasca-te!) para “ocupar” o moço o dia inteiro.
Mas, e quem não teve hipoteses de deixar o(s) rebento(s) em lugar apropriado? Levou-os para o serviço? para em casa? pró jardim?
Viva a Greve! também já fiz algumas e outras já se justificam. Mas os pré avisos são de lei, e porque não se informou os pais? Custava muito? pelo menos poupava-se combustivel, irritações, mal estar e, já agora, mais alguns minutos de sono….
27 de Abril de 2006 às 5:51
Chico tou contigo!!!!
Nao tenho filhos, mas vem-me à alembradura os meus tempos de moçoilo no liceu que isso das greves ora era segunda ora era sexta.
Sou daqueles que passaram por tempos em que os balneários viste-los, portantos as aulas de Educação Fisica nada, a malta treinave e usava os balneários por opção. Não digo que actualmente os jovens devam submeter-se às condições que tivémos.
Refeitório havia mas graças que não tinhamos disso ds radiação dos cartões magnéticos.
pular o muro não faz mal a ninguém até exercita, mas todos o fazem? Bela vigilância, mais se o deixam fazer a todos estão a tirar emoção ao puto, não serve vai procurar outras.
A escola não substitui os pais, mas se os estes confiam na escola esta TEM de ATEMPADAMENTE dar conhecimento aos intervenientes. PAIS e ALUNOS.
Porque custe a quem custar as escolas existem para EDUCAR não são meros postos de trabalho, e aqui resalvo todos aqueles que dedicam uma vida de trabalho à nobre profissão do ensino e condeno os que estão nas escolas como forma de ganhar a vida e à qual pouca dedicação dão: têm nas vossas mãos o futuro.
Mas também para vós que sois pais a escola não tem a obrigação de vos susbstituir, não é um aborrecimento a escola estar fechada, que raio faço eu aos miúdos.
Portanto à laia de desafio: vejam lá se acertam as agulhas porque será a única forma de uma escola funcionar.
Bendito Chico tenho lá na minha horta umas coves boas com fartura queres trocar por uns coentros que tenho em falta???