Ago 10 2005
ABSTRACTOS…
… em fotografia gostamos de catalogar como abstracto os mais diversos objectos ou situações que não conseguimos definir com objectividade.
Há quem pense que à categoria Abstracto vão parar as imagens não figurativas e que estão unicamente no domínio das ideias.
Porém, esta categoria faz-nos desenvolver os sentidos mais apuradamente, tornando-nos mais atentos para as inúmeras particularidades que fazem parte do nosso dia a dia.
Atente-se nesta fotografia.
Eu sugiro-lhes o título “Fechado?”
Abstracto, não é?
foto: stuart
11 de Agosto de 2005 às 9:08
Naquela noite era já a terceira vez numa semana que chegava a casa quando a luz da noite se esvanece perante o anunciar do dia.
Não costumava pensar muito na vida que levava. Na verdade, tudo fazia para esquecer, ou melhor, para inventar uma outra verdade que não era a sua.
A sua relação marital, há muito que se extinguira.
Não conversavam, não discutiam, viviam sós na mesma casa.
Viviam lá por viver.
Um porto de abrigo feio, sem atractivos, onde o pescador encosta o bote. Não olha para os molhes degradados, não ve as redes rotas, não repara nas tábuas podres, encosta o barco ali, onde sempre encostou, como nos primeiros tempos.
Quando com os olhos cheios de ilusão ansiava pelo abraçar da ponta da barra a dar-lhe a mão no meio dum nevoeiro.
Desejando nesses tempos extintos respirar os cheiros e as cores do doce regresso.
Agora era apenas um passado sem memória, sem nostalgia. Quando os olhos olham sem ver…
Subiu as escadas e pôs a chave à porta.
Rodou uma, duas e à terceia sentiu o trinco preso.
Insistiu.
Olhou para cima e depois para a chave.
Puxou duas ou tres vezes pela porta, que permaneceu trancada.
Esperou um pouco e inspirou fundo.
Sorriu.
Desceu as escadas.
Olhou para trás e viu a sombra que o puxador da porta projectava na parede.
Toda a sua expressão era de felicidade.
No hall de entrada já o dia espreitava sorrindo-lhe um bom dia.
Deslizou para fora, deu duas voltas sobre ele próprio. Rodopiou em pião riu-se alto e encheu a rua com o rio da alegria que lhe transbordava a alma.
Recordou-se da sombra projectada ao cimo das escadas.
Olhou para cima e viu as janelas que permaneceram por descobrir nos melhores anos da sua vida.
Seguiu o caminho.
Há tantas portas que se abrem quando uma se fecha…..
11 de Agosto de 2005 às 13:27
Gostei da foto:) bjs
11 de Agosto de 2005 às 15:15
Abstracto?…hum…
(inclinando a cabeça para a direita)
Trapézio
(inclinando a cabeça para a esquerda)
Poleiro