Ago 08 2005
CÉLIA -50-
Não segui atrás dela. Desejava que se acalmasse. Afinal aquele teria sido um princípio de noite demasiadamente agitado e confuso e que certamente lhe terá trazido mais dúvidas que certezas. O seu encontro com o homem com quem terminara uma relação que parecia sólida, o julgar que ele logo de seguida se iria encontrar com Mariana e por fim encarar com esta em minha casa, tudo isto podia levá-la a um abismo. Mas agora teria que ser Célia a tentar resolvê-lo. Encontrar em si explicações para tudo o que sucedera. Ela teria que perceber que entre mim e Mariana nada restava. Pelo menos eu sabia-me indisponível. Mas saberia Célia quais as minhas intenções? O que lhe terá passado pela cabeça ao ver Mariana em minha casa? Perceberia ela que tipo de relações existia nesta geometria de quatro pessoas?
O aviso de mensagem despertou-me destas questões:
“Não foi isto que quis para nós. Bastaram-me as traições de outros homens, os fracassos de outras relações. Afinal sou eu que estou a mais”.
Hesitei longamente numa resposta. Poucas coisas teria que explicar. Conhecia-lhe os impulsos para forçar saídas que não a beliscassem. Porém, ali estava Célia enfraquecida, desanimada, culpando-se, desistindo. Esta não era Célia. Tentei equacionar o que teriam dito um ao outro. Ele tê-la ia forçado a tomar alguma atitude? Esta reacção teria sido desencadeada pelo retomar da relação? Poderia eu exigir explicações?
A noite estava ensombrada de dúvidas e questões.
Quando me preparava para sair de casa a mensagem de Mariana confundiu-me ainda mais: “Ela terminou! Ele disfarça que terminou! E tu?”.
Saí de casa. Estacionado à porta, o carro vazio de Célia. Procurei-a.
Exausto e desanimado deixei-me ficar dentro do meu carro. A mensagem de Célia trouxe-me alguma esperança: “Sabes onde me encontrar!”.
Disfarcei que sim.
8 de Agosto de 2005 às 23:49
Quando tudo deveria ser claro como a água as coisas complicaram-se mais e mais. Após os episódios vividos anteriormente com o Diplomata, seu esposo, e que a pusera em risco de vida, tudo apontava para uma definição da trajectória de vida em que ela estaria firme do rumo a tomar.
Ao contrário disso, a sua vida tinha-se tornado uma tragédia vivida em múltiplas frentes.
Há já muito que desistira do psiquiatra, após saber que ele era o elo com o seu marido.
Também nunca gostara dele.
As ligações esporádicas que encetara com outros homens, frouxas e vazias tinham-na levado novamente ao limiar do suicídio. Impedido apenas pela sua agora total liberdade, o que lhe permitia deslocar-se para qualquer lado em qualquer altura. Só as mudanças de cenários a tinham impedido de cometer mais uma vez o acto tresloucado. Tentara refazer a vida em vários pontos do globo mas regressara agora e por fim onde o apelo fora desde sempre incontornavel.
Como que predestinado, procurara-o com toda a esperança que uma alma pode conter.
Por isso quando encarou Mariana um universo de pensamentos colheu-a de forma transversal.
Seria mais um desgosto a somar a tantos outros?
Não! A aposta que ela fazia neste retomar duma relação em suspenso era a sua tábua de salvação. Importante demais para olhar para ela como apenas uma breve aventura sem mais consequências
Ela tinha fresca na memória todas traições da sua mais que amiga. Tinha também presentes as suas próprias infedilidades e as despreziveis ligações efêmeras que tinha tomado com uma quantidade de homens dos quais nem do nome se queria lembrar.
Mas agora que sabia bem o queria, teria de lutar pelo que lhe pertencia.
Ligou o telemóvel.
Digitou uma mensagem:
-Sabes onde me encontrar-……
9 de Agosto de 2005 às 0:31
Já não é um simples triângulo, será uma relação em quadrado ou círculo? Ou um emaranhado de ligações que vão flutuando e fazendo com que a figura geométrica vá mudando de expressão consoante cada um dos extremos?
E quando menos se espera, alguma coisa nova vem complicar tudo. Quantas vezes é que surge um novo dado no problema quando a solução está já a ser posta em prática? As certezas podem tornar-se dúvidas novamente.
11 de Setembro de 2005 às 13:11
Vi aqui parar alguns tempos quando andava a procurar por “almas gémeas”. Desde aí tenho lido aos poucos o Célia e tenho gostado bastante. É um gostar quse angustiante porque me lembra algumas complicações minhas e ainda perto, mas de qualquer maneira não queria deixar de dar uma palavrinha.
25 de Novembro de 2005 às 15:33
frrrrrrrr……