Jul 23 2005

A PUTA

Publicado por as 19:15 em Intimidades

Subi as escadas. Vagarosamente.
A verdade estaria nua, despida e solitária.
À minha frente e sem que eu olhasse.
Um grito. Uma janela que se abre.
Um sorriso malicioso.
Uma boca a escorrer o veneno do outro.
Sem palavras e um abraço forçado.
Um lamento de mentira e humilhação.
Ao toque da mão destapei-me.
Acedi ao teu pedido.
E entrámos nos lençóis. Sujos e enrolados.
De noites de demência.
Quando os corpos jorram prazeres.
Manchados de luxúria a troco de notas.
Os lábios marcam a cadência, ordenada.
Depois desgovernada a boca circunscreve.
Faz crescer a ânsia e encerra-se.
Em círculos e humidade.
Mais uma nota e posso trepar.
Cobrir-te com o meu corpo desejoso.
Do teu sexo que lavas e enxugas.
À espera do freguês que indemnizará.
Com leite e dinheiro a puta de vida
Que escolheste para matar.
Com pão a fome do teu filho.

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7 Resposta a “A PUTA”

  1. maker diz:

    Com muita raiva sinto eu mas, belo poema!

    🙂

  2. definitivoekentuky diz:

    Gostei do vi. Parabens, vou colocá-lo nos meus links. Vou voltar!

  3. wind diz:

    Terrível!

  4. charlie diz:

    Chegou a casa.
    Cansado.
    No seu corpo trazia o cheiro daquele quarto imundo. Na sua lembrança vageavam presentes os momentos pagos de prazer. Os gestos que ela fazia com mestria a fingir gozo no que era apenas mais uma golfada de ar que o peixe aflito abocanha à superfície dum charco estagnado em recessão.
    Abriu a porta de casa sem fazer por abafar os ruidos.
    Com força atirou as chaves para cima da mesa da cozinha.
    Abriu uma cerveja.
    Sentou-se e bebeu quase tudo num trago.
    Cheirou-se e fez uma cara de enjoo.
    Resolveu tomar um duche rápido.
    Lavou os dentes e com o corpo a evaporar os últimos aromas do banho tomado, deitou-se ao lado da mulher.
    Completamente nu.
    Ostensivamente.
    Fazendo por acordá-la com o seu mexer na cama.
    Acendeu e apagou a luz da cabeceira.
    Ela rodou o corpo para ele e meio a dormir perguntou-lhe: – Onde estiveste?-
    Ele respondeu:- O que queres dizer com isso? Por acaso queres sugerir que andei por aí a vadiar? Bem sabes como tenho trabalhado ultimamente…-
    Agora ela estava mais desperta.
    – Filho- disse baixinho enquanto lhe deitava a mão ao sexo em repouso.- Há quanto tempo não temos nada um com o outro!? O que se passa contigo?
    Uma pausa ficou a marcar a pergunta.
    Depois ele em jeito de resposta e rodando o corpo ficando de costas para ela respondeu:
    – É do trabalho amor. Ando cansado.Quando acabar esta fase voltarei a ser como dantes….-

  5. zig diz:

    O quê é que querem, é a profissão mais velha do mundo! E só paga quem lá vai…

  6. Passo diz:

    belo poem, a verdade nua e crua .. pintada de outra forma :-))

  7. softy susana diz:

    Espanto pela crueza e admiração pela coragem. Parabéns, João.

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