Maria do Rosário passou pelo sector de livros do hipermercado, pegou no livro que estava em destaque, apreciou-lhe o tamanho e cores, pareceu-lhe bem e colocou-o no cesto das compras.
Enquanto esperava para pagar folheou a obra. Verificou que não tinha desenhos. Tentou ler o título mas os caracteres assemelhavam-se a arabescos incompreensíveis.
Abriu numa página ao calha para ver do que tratava o livro topo de vendas.
Não percebeu nada do que lá estava escrito, mas sentiu um certo orgulho por descobrir que aquele era um livro do Harry Potter. Seria uma enorme surpresa para o Bernardo que, com os seus 12 anos, estava sempre a falar do harry. Ainda se perguntou como é que a rapaziada deste tempo consegue ler tantas páginas e logo numa língua estrangeira.
Mas deixou-se destes pensamentos quando a menina da caixa passou o código de barras e o monitor apresentou o preço de 19,80.
Olhou em redor, com vontade de desistir, mas atrás de si, uma senhora, de aspecto rude, lia atentamente um exemplar igual ao seu.
Pagou, meteu o livro num saco, guardou religiosamente os talões de desconto de combustível e de devolução do IVA e entrou na livraria logo ali em frente, onde procurou a revista Maria. Enquanto esperava para pagar, folheou a revista atentamente. Saiu da livraria com um enorme sorriso nos lábios.
O seu Zé teria, também ele, uma enorme surpresa nessa noite.