Jun 14 2005
ÁLVARO CUNHAL
Tenho lido o que se tem escrito sobre este dirigente comunista.
E o que tenho lido deixa-me preocupado, pois há uma manifesta falta de memória, ou uma tentativa de branqueamento da História, quando se refere a luta pela Democracia levada a cabo por Cunhal.
Certamente que aqueles que agora se descobrem para lhe enaltecer os valores democráticos, estarão esquecidos dos idos anos de 74/75.
Não foi o próprio Cunhal que disse em entrevista a uma jornalista italiana que Portugal jamais seria uma Democracia do tipo parlamentar?
Então porque se vem agora dizer que, se vivemos em Democracia, o devemos a Álvaro Cunhal?
Por favor, não tentem apagar da memória dos portugueses o que foi o PREC e não queiram rasgar (à boa maneira estalinista) algumas páginas da História recente de Portugal.
14 de Junho de 2005 às 12:36
Enalteça-se a posição de Ribeiro e Castro; com coerência, respeitou o homem, mas não esqueceu de criticar o político! De quando em quando uma voz que foge do “politicamente correcto”…
14 de Junho de 2005 às 14:03
Concerteza, muitos dos que ontem, quase de lagrimas nos olhos enalteceram coloidalmente o homem e o político, que num mesmo corpo coincidiam com Álvaro Cunhal, até ao dia exactamente anterior teriam muitos mais a dizer, e sem me enganar em nada, diriam muita coisa para além do politicamente correcto.
Enaltece-lo porque foi comunista? Porque remou contra a maré? Porque enfrentou salazar? Porque defendia uma sociedade como a então URSS? Porque defendia (encapotadamente) uma ditadura comunista? Porque enalteceu os autarcas alentejanos, que em trinta anos mantiveram o povo (de que ele tanto gostava) ignorantes, pobres, sem condições? Porque tratava todos de igual forma (com desprezo)?
Olhem que não,olhem que não!
Se clhar, ele foi mesmo boa pessoa. Mas os meus avós também o são e duvido sériamente que algum dia venham a ser tão homenageados.
Se calhar estamos a homenagear o homem errado…
14 de Junho de 2005 às 14:39
Olha q giro, na altura qd salazar morreu tb, segundo me recordo, o enalteceram. Realmente foi um grande dirigente, o país era rico, o povo passava fome, era ignorante … mas tinhamos a alma Lusa, a familia, o futebol e claro a religião :s nada no mundo é ideal, liberdade e até democracia são utopias. é certo q temos akela tendencia para qd as pessoas morrem … – até era boa pessoa e tal .. qq das maneiras n lhes poderemos tirar a importancia q tiveram, p o bem ou p o mal.
14 de Junho de 2005 às 17:06
só não escrevo aqui que mais vale ter sonhos e lutar por eles do que nunca os ter e vergarmos ao capitalismo!’ porque se o fizesse o meu ip era banido ad eternum!
“brutalidades” na altura do prec todas as forças politicas cometeram… ninguém sabia muito bem o que era democracia e a sede de protagonismo era mais que muita.o mais importante não é apontar o dedo a quem fez ou disse mas reflectir no que se passou para que não se volte a repetir e acima de tudo fazer com que as gerações futuras nunca esquecam o que aconteceu, como aconteceu e onde aconteceu.
14 de Junho de 2005 às 21:38
@a miuda – aqui só são banidos IP de anónimos que desrespeitam as mais elementares regras de urbanidade. Basta dar uma vista de olhos pela Praça para ver que assim é. Mas se já vem com ideias pré-concebidas, que mais lhe posso eu dizer?
14 de Junho de 2005 às 22:05
Disse o Daniel Oliveira no Barnabé “Os meus idolos não são perfeitos” e acrescento eu ainda bem!Eu decerto não quereria hoje viver no país que Cunhal quis que Portugal se tornasse nos tempos quentes do pós revolução, mas muito menos quereria viver no país que Portugal era antes dessa mesma revolução.Contra esse país mesquinho de adro de Igreja, de ai temerário, do batido Futebol, Fátima e Familia que ornava a miséria e a ignorância do povo lutou Cunhal.Lutou Cunhal e lutaram os Comunistas, quando mais nenhuns, ou muito poucos outros o fizeram.É esse o sentido em que leio a luta de Cunhal pela Liberdade.Esse é o seu legado, que a meu ver é inqustionável.Não o reconhecer seria o mesmo que fazer de Churchill apenas um “imperialista” da velha guarda que não hesitou em fazer dos aborigenes australianos carne para canhão na defesa do velho império britanico.Quem não o reconheçe é apenas por que não o quer!
14 de Junho de 2005 às 22:49
Por curiosidade caro José,a qual Daniel Oliveira te referes?,à versão U.E.C./J.C.P. ou à versão BE?.É para entrar na conversa 😉
14 de Junho de 2005 às 23:27
O comentário foi feito ontem, pelo que presumo seja originário da versão BE, o que de resto é completamente irrelevante.Mas fica descansado, a próxima vez que o ver a almoçar uma sandocha num desses antros capitalistas/consumistas do engº Belmiro perguntu-lhe.
14 de Junho de 2005 às 23:33
Acho bem,até porque o tal Daniel Oliveira foi daqueles que renegou os seus príncipios políticos,tal como Zita Seabra e outros tantos e tantas,como escrevia o autor deste blog lá mais atrás,”O cabaz de hipocrisias está a abarrotar”,no meu entender claro.
14 de Junho de 2005 às 23:58
gostei do teu post sim senhor! mas à boa velha maneira portuguesa…as pessoas depois de mortas são sempre as melhores do mundo…
Eu hoje em tom de brincadeira até disse “bolas, o Cunhal até morto tinha de ter o protagonismo, pobre José Fontinhas (Eugénio de Andrade) que merecia mais tempo de antena!!! LOl… mas é o país que temos… boa semana.
15 de Junho de 2005 às 4:42
pq não esqueci, abstive-me de comentar a morte dele e a do Vasco Gonçalves, mas já que falas nisso, só posso aplaudir.
15 de Junho de 2005 às 9:01
Eu abstive-me de comentar, mas devemos sempre a verdade `a História.
Não falar desses homens será tão mau como não falar dos 48 anos de atraso de vida que precederam os anos quentes em que eles dois foram protagonistas centrais.
Mas aos mais novos aconselho para que não falem de cor que leiam um pouco da nossa História recente e assim podem compreender, como Salazar foi o grande impulsionador do comunismo em Portugal.
Dito de outra forma, nós somos o que somos mais a nossas circunstância. Quiseram esses homens que eles próprios fossem fieis e seguidores dum ideal. Quis a circunstância um quadro político de perseguição, censuras e prisões por delito de opinião. Tudo junto cozinhou, numa estufa ideal, a base de apoio a um ideal politico, de práticas apertadas pelo menos tão negativas como as anteriores derrubadas embora de sinal contrário.
O tempo criou o distanciamento para se poder fazer a leitura dos factos. Como eles foram. Não se lave a História, não se re-escreva.
Quando um dia lerem as décadas de 70/80 tentem fazer um exercício mental. Leam tudo corrido sem parar no marco 25 de Abril. De uma forma contínua como se não tivesse havido o golpe de Estado.
Novas compreensões surgem das brumas….
15 de Junho de 2005 às 9:35
passei essas épocas. antes e depois do 25/4. como não sou capaz de ficar quieto envolvi-me. antes e depois. estive ao lado do pc antes do 25/4 e contra em determinadas fases da nossa vida politica depois do 25/4. e não João, não quero reescrever a história, mas nem concordo com a “versão-oficial-conveniente-do-25-de-novembro” (estive lá, sabes) nem com quem quer apagar o papel fundamental, decisivo do pcp e do Cunhal no derrube da ditadura fascista. e nessa sim, soube no corpo o que era não concordar. e soube o meu pai que tentaram impedir de trabalhar por causa da oposição ao regime. fora isto, um abraço para ti 🙂
15 de Junho de 2005 às 9:43
Eu homenageio e homenagearei sempre, quem com risco de vida, quem com total desapego à vida lutou pela liberdade e fez dela ideal e bandeira. Homenageio o Homem (com H maisculo) que foi torturado, humilhado, que esteve anos em isolamento e manteve a coragem sempre! homenageio o que ele para mim representa: luta! Mais que ninguém Cunhal representa, para mim, o combate, a luta anti-ditadura, a coragem. Hoje despeço-me de um lutador. do Homem. Amanhã pensarei na história. Mas que a história não esqueça que ele deu anos de vida para que a data 25/4 nela fosse assinalada. homenageio o combatente hoje e hoje estou triste. um beijo João
15 de Junho de 2005 às 9:59
@ognid – percebo, compreendo e respeito.
@encandescente – idem.
Mas discordo de qualquer tipo de canonização e de criação de ícones.
E não, não esquecerei a História.
Abraço e beijo.
15 de Junho de 2005 às 10:07
Desde que um fascista de um colega meu disse que o Hitler é um gajo de esquerda, para mim tá tudo dito!
Acredito que cada um possa pensar o que quer…
E lutarei sempre para que o possam fazer, mesmo discordando com eles!
15 de Junho de 2005 às 10:42
Não percebi pk tanta revolta quanto às homenagens (muito merecidas) a Cunhal!
Será que por ser comunista deixa de ser um grande Homem??!!?!?!?!?!?!?
A sério..não percebi essa.
15 de Junho de 2005 às 10:43
Não percebi pk tanta revolta quanto às homenagens (muito merecidas) a Cunhal!
Será que por ser comunista deixa de ser um grande Homem??!!?!?!?!?!?!?
A sério..não percebi essa.
15 de Junho de 2005 às 23:01
Álvaro Cunhal teve o seu papel na história da luta anti-fascista portuguesa assim como muitos seus camaradas e tantos outros anti-fascistas não comunistas,afirmar que devemos a liberdade em que vivemos hoje em dia a Álvaro Cunhal é um exagero hipócrita e demagógico,tal como é um exagero hipócrita e demagógico um dia destes porque a vida e morte tem essa lógiga afirmar o mesmo de Mário Soares,devemos sim a liberdade que hoje temos a Homens como Salgueiro Maia,Otelo Saraiva de Carvalho,Melo Antunes e a outros militares do golpe militar do 25 de Abril de 1974,muita trapalhada e deturpação dos factos históricos se tem escrito depois das mortes de Vasco Gonçalves e Álvaro Cunhal acerca dos mesmos,é certo que tal só acontece porque a esmagadora maioria das pessoas que tem escrito sobre o assunto nada sabem do assunto,leram umas coisas aqui e acolá e botam discurso o da ignorância claro.
16 de Junho de 2005 às 22:31
Sobre ip’s banidos saberá falar a Maria Manuel, pessoa que nao aprecio especialmente, mas que faltando os argumentos, só deu para calar de uma forma.
Ofuscar ou querer diminuir a importância de Álvaro Cunhal, é impossível pois já deixou a sua marca na história. Nem vale a pena perder tempo a defender pontos de vista.
Continuo a passar pela praça (se me deixarem) e desejo que o futuro traga, além de saúde, mais humildade a todos nós.
P.S. sim sou anónimo, low profile, como gosto.
(comentário da própria Maria manuel. Como eu gosto dela…)
18 de Junho de 2005 às 17:13
E se, ao invés de tanto se criticar Cunhal pelos seus feitos pela nossa nação (que so os recalcados sabem fazer), se elogiasse o HOMEM que, com coragem e determinação, fez o que talvez estes “criticos preconceituosos” não teriam nunca a força para o fazer – lutando na frente de qq outro partido politico. Quem sabe, não serão estes “criticos” que vão salvar o país das “invenções” do nosso Primeiro Ministro????? lol