Jun 12 2005
CULINÁRIA: FAST VERSUS TRADICIONAL
Sobre o post anterior, escreveu a Menina Marota:
“A tradição já não é o que era…
Onde está o bolo batido à mão, com uma colher de pau numa tijela de porcelana?
Ali!!!
Na mesa da minha sala, um belo bolo de laranja, à espera de ser comido pela família, neste almoço de domingo! E leva tudo: desde ovos caseiros, até ao sumo e raspa de laranja verdadeira!!”
Eu estou de acordo com ela e sou um defensor dos métodos tradicionais de cozinhar.
Mas há uns “porém” que eu gostava de aqui referir.
A cozinha tradicional obriga-me a trabalhos para os quais não vou tendo tempo.
Não tenho máquina de lavar loiça e fazê-lo à mão é uma alergia (sim, fico cheio de comichões).
Fazer um bolo leva-me a que suje:
– 2 taças, onde coloco gemas e claras;
– 1 colher de pau ou as varas da batedeira;
– 1 chávena para as medições;
– 1 tabuleiro de balança;
– 1 taça, onde junto todos os ingredientes;
– 1 “salazar” ou sogra, para rapar bem;
– 1 forma de bolos
e, se mete chocolate,
– 1 panelinha onde o mesmo vai derreter.
Acresce que a bancada da cozinha vai ficar polvilhada de farinha, algum açucar espalhado pelo chão e, como esta coisa da pastelaria tem que ser em actividade contínua, o lava-loiças a transbordar da mesma. Porque entretanto, vou comendo uma falhinha de presunto, bebendo qualquer coisa, um pedaço de pão que se leva à boca…. E há ainda os panos de cozinha que, irremediavelmente, ficam com restos de porcarias.
Depois é o tempo que tudo isto leva a fazer.
Aos 40 minutos de cozedura no forno acresce:
– os 10 minutos em que o mesmo tem que estar a aquecer a 180º;
– os 5 minutos de separação clara/gema;
– os 15 minutos para preparar toda a artilharia necessária;
– os 10 minutos a bater os ingredientes;
– os não sei quantos minutos para lá e para cá, a fim de ler a receita;
que finalizam
– com quase 30 minutos para lavar e secar a loiça e,
a pior tarefa
arrumar aquela coisada toda!
Perante isto, e apesar de ser um guloso da pastelaria tradicional, aderi à fórmula da Nestlé que é gostosa e poupa-me:
– muito tempo,
– algumas alergias,
– a vista
– e um montão de dinheiro.
Por 3,99 euros satisfaço o pecado da gula e fico com um enorme sorriso nos lábios.
Viva a Nestlé!
Nota: Já provei o Bolo da Avó e o de Chocolate. Gostei muito do primeiro. Mas vou experimentar juntar os 2 e obter um bolo mármore.
Nota2: os bolos refrigerados da Nestlé não são em pó. Vem a massa já pronta.
12 de Junho de 2005 às 20:38
Entendo bem o lado prático mas ainda não provei os bolos de ovos em ó chocolate em pó leite em pó.
Depois digo.
🙂
12 de Junho de 2005 às 21:34
Eu ainda faço isso tudo à mão…apesar do transtorno que (concordo contigo) possa provocar…
Um beijo acompanhado de um sorriso,
Bshell
12 de Junho de 2005 às 22:16
Eu não acredito, que se troque o sabor eterno de um bolo tradicional, por uma massa ensacada qualquer… mesmo que da Nestlé… ou será que a publicidade, não é gratuita? eheheh
Apetecia-me fazer uma comparaçãozita marota, mas…fico-me por aqui!
Abraço sorridente 🙂
12 de Junho de 2005 às 23:31
Ai mas eu vou fazer a tal comparação marota.
Uma noite de paixão. Com todos os ingredientes. Com o suor, os fluidos os gemidos e esforço o cansaço final e a repetição desde o inicio num ciclo em espiral onde o desejo não esgota.
A gravidez resultante. As más disposições, o corpo a mudar. O peso na barriga, as caras a deformar.
As consultas, as vitaminas, as dietas.
O saco a rebentar.
As dores.
O parto.
A criança cheia de peles e enrugada. Os choros, as fraldas, o amamentar.
Tres em tres horas…
Os dentes os choros.
As febres os choros.
As noites em branco e os choros.
A criança cresce.
Com muito trabalho.
Vai à escola, torna-se um lindo ser humano. Cresce e encontra outro de quem gosta.
A paixão repete-se.
Quem é que trocaria a noite de paixão por um filho prefabricado?
13 de Junho de 2005 às 0:08
Concordo contigo:) lol
13 de Junho de 2005 às 8:48
hum … publicidade disfarçada?? 😛
13 de Junho de 2005 às 9:45
Não existe melhor espectaculo do que ver-te a fazer um bolo tradicional:
escolher a receita, separar ingredientes, pausa para fumar, ligar um cd de jazz, voltar ao bolo, entretanto estender a roupa, fumar mais um cigarro, fazer a cama, sentar no sofáa dez minutos para descansar, adormecer, passados dez minutos de regresso ao bolo, beber uma água tónica, acender mais um cigarro, terminar o bolo, estender o resto da roupa, ver o correio electrónico e publicar um post no blog, fumar um cigarro à varanda até que a campainha do forno diga que o bolo já está.
Ainda durante a tarefa libertam-se alguns palavrões porque um ovo cai ao chão ou porque a garrafa da agua tónica se derramou.
Benditos bolos tradicionais que nos dão espectaculos destes.
14 de Junho de 2005 às 19:56
Não trocaria por nada deste mundo, a colher de pau, e 1 ou 2 horas a juntar os ingredientes para no fim, ficar a olhar para aquele bolo, “que bonito ficou!” Para depois de tanto trabalho…comerem-no como uns desalmados.