Mai 06 2005

CONTO DA MADRUGADA -6-

Publicado por as 11:55 em Intimidades

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foto: katrin zeidler

(Os gemidos que ele ouviu, pensou, não seria capaz de registar em fotografia.)

Não queria, porém, deixar fugir esta ocasião para a fotografar. Há muito tempo que desejava poder tê-la à sua frente. O seu corpo, as suas expressões, uma enorme sensualidade, tudo isso, e também uma especial atracção pela personalidade daquela mulher, criou nele um invulgar anseio de a conhecer melhor.
Conhecia-lhe algumas passagens da vida, que lhe davam mais encanto, e sabia das dificuldades que teria em poder estar com ela.
A sua imaginação há muito que vinha criando aquela ânsia.
Sabia exactamente as posições em que a pretendia fotografar, que tipo de iluminação seria a ideal para lhe realçar a perfeição do corpo, tinha a certeza dos tons sépia que iria utilizar na revelação e impressão.
Quando ela regressou ao estúdio, toda a sua imaginação se desmoronou. Ela seria a modelo ideal para qualquer escultor. Nenhum pintor evitaria reproduzir em tela tamanha beleza.
E ela ali estava, agora, à sua frente.
Numa nudez surpreendente, o seu corpo parecia moldado à imagem da perfeição. Uma perfeição que ele não imaginara existir. Todas as suas previsões de enquadramento, luz e futura reprodução em papel estavam muito longe de poder traduzir aquela beleza.
Pediu-lhe que se deitasse e assumisse a posição que mais desejasse, contrariando o que sempre fizera com as outras modelos.
Quando focou os seios e tentou aplicar a profundidade de campo, para que nada daquela beleza se perdesse na fotografia, desistiu, percebendo que aquela mulher era, para ele, muito mais que uma modelo.

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2 Resposta a “CONTO DA MADRUGADA -6-”

  1. Mad diz:

    Maravilhoso. Imagino o brilho nos teus olhos enquanto escreveste este conto.

  2. wind diz:

    Está a ficar interessante esta história:)