Abr 18 2005

CONTO DA MADRUGADA -4-

Publicado por as 12:02 em Intimidades

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foto: alex opsitaru

Ele prometera-lhe uma visita para que finalmente se conhecessem.
Há semanas que se falavam pelo msn, trocavam mensagens e, uma vez ou outra, chegaram mesmo a falar ao telefone.
Ela queria, porém, saber quem era o homem que dizia palavras que a incendiavam. Queria ter um rosto na sua frente. Desejava aquele homem.
Esperou-o. Sem nervosismo, mas ansiosa.
Quando a campainha tocou, levantou-se do sofá, ajeitou o vestido vermelho que lhe cobria a pele, passou a mão pelo cabelo e, com entusiasmo, abriu a porta.
Um homem, com um ramo de flores, sorriu-lhe. Ela, com uma sensação de desilusão, mandou-o entrar. Ele, porém, entregou-lhe o ramo, com um cartão, e afastou-se rapidamente.

Hoje não posso ir. Amanhã também não. Talvez nunca.”
Jogou-se para cima do sofá. E, já despida, imaginou mais uma vez como poderia ser o homem que tanto a excitava.
A desilusão não a fez perder a libido.
Exausta, levantou-se. Num gesto impulsivo, jogou as flores para o lixo, vestiu-se e saiu porta fora.
Na rua começava a chover.

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3 Resposta a “CONTO DA MADRUGADA -4-”

  1. wind diz:

    Pois é, acabou mal. É o perigo do virtual. Expectativas que se criam e que depois não correspondem à realidade.Linda foto:) bjs

  2. Mad diz:

    Wind – fecha-se uma porta abre-se uma janela.

  3. charlie diz:

    Dentro do carro ficou olhando a porta da casa. Viu como ela saiu e como fechou a porta. Na cara trazia estampada a desilusão e o desencanto. Os olhos estavam rasos. Ficou fitando-a desde o abrigo seguro do interior do veiculo. Na verdade, tinha ido muito longe com esta relação virtual. Por mais de uma vez tivera de improvisar, mentir e inventar desculpas. Assistiu ao longo dos meses como aquele ser se ia apaixonando por algo que não existia. Tinha passado para ela a imagem de alguém fascinante e único. Mas á medida que o interesse subia do outro lado mais e mais as coisas se tinham complicado. Tivera de desfarçar a voz ao telemóvel. Mas agora as coisas tinham chegado ao ponto em teriam de ter um fim. De preferência brusco, e foi assim mesmo que executou este último contacto. Teria de ser demolidor sem deixar margens para dúvidas ou reecontros. Ao fundo da rua, a vitima era já uma mera silueta distorcida pelas gotas que escorriam do parabrisas. Pensou pôr o carro em andamento mas o telemóvel tocou no exacto instante em que ia accionar a chave. Atendeu com um – Está?-
    Do outro lado responderam ao curto bissilabo com uma toada de preocupação,
    – Estás de carro? Sabes o que o médico disse. Não é prudente conduzires. Não te demores-
    Desligou o telemóvel.
    Realmente tem razão pensou para si, enquanto punha a mão na barriga. Não é nada prudente conduzir com oito meses de gravidez…

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