Abr 07 2005
CONTO DA MADRUGADA -2-
Por engano, pegou no porta-chaves que tinha a chave da sua anterior casa, aquela onde vivera enquanto casado. Nunca a devolvera, pois deixara lá alguns dos seus livros e outras coisas sem importância. Adiou sempre esse regresso. Não lhe apetecia voltar a ver a casa onde, durante 6 anos, construíra o seu grande amor.
Olhou para a chave e decidiu-se por, finalmente, ir buscar os seus haveres. Ligou para o telemóvel da ex-mulher que, por estar na hora de serviço, não atendeu.
Entrou na casa, com passo decidido, pois não queria estar a ver que tipo de alterações haviam sido feitas, dirigindo-se para o escritório. Estranhou um certo desalinho, com roupa jogada para o chão e pensou no quanto ela se havia transformado, desde que lhe dissera que já não o queria. Olhou atentamente para aqueles vestuários e percebeu que era lingerie, muito sensual. Imaginou-a vestida com aquela roupa interior. Uma certa nostalgia invadiu-lhe o espírito.
Quis seguir para o escritório, mas um ruído que vinha dos lados da casa de banho, fê-lo mudar de rumo. Ela teria, certamente, deixado alguma torneira aberta.
Foi com um espírito de ajuda que abriu a porta.
Viu-se envolto numa nuvem de ar condensado que vinha do duche. Olhou.
Deixou cair as chaves que trazia na mão.
Ao sair da casa de banho, hesitou, mas voltou a olhar para o que, há segundos atrás, lhe parecia uma miragem.
Quando se meteu no carro e antes de meter a chave na ignição, reflectiu uns segundos.
Arrependeu-se por nunca ter querido conhecer a sua mulher.
7 de Abril de 2005 às 12:20
Este conto deixou-me com uma ligeira angustia depois de me ter colocado no lugar dele.
5 estrelas. Li e senti. Adorei a sensação.
Obrigada amor.
7 de Abril de 2005 às 15:32
Gostei.
7 de Abril de 2005 às 16:39
Belo conto e a realidade de muitos casais, infelizmente. bjs
7 de Abril de 2005 às 18:17
e não é assim na sua maioria das vezes? infelizmente a maioria dos casais não se conhecem… e só depois de ser tarde demais se dão conta disso…
7 de Abril de 2005 às 22:50
REGRESSO A CASA
Chega a casa já de noite. Abre a porta e sente o cheiro do conforto do seu lar. É um espaço unicamente seu, que estima e ama. Larga a pasta à entrada e pendura a mala e o casaco. Dirige-se…