Abr 24 2005
LIBERDADE
Amanhã é feriado nacional. E disso todos nós temos conhecimento.
Haverá, porém, quem não saiba (ou já esteja esquecido) o que se comemora.
Por isso, se tiver oportunidade, explique o que foi o 25 de Abril.
E o que é a Liberdade.
Será sempre uma justa homenagem aos que lutaram pela Democracia, se falarmos sobre a Liberdade e o seu valor.
Porque é disso que se trata no feriado de amanhã.
Bom feriado!
24 de Abril de 2005 às 21:46
Bem, o 25 de Abril como nós o conhecemos hoje em dia não é mais do que um feriado nacional e que poucos ou quase nenhuns jovens portugueses sabem quem estava no Governo na altura, nem pouco sabem o significado que teve o 25 de Abril para a população nem a importância da palavra e do conceito de “Liberdade”. Não querendo entrar no fundo da questão,se posso assim dizer, a “Liberdade” não é mais do que: 1º- Um apelo para que a história do “25 de Abril” não seja esquecida pelos portugueses;
2º- Que o conceito “Liberdade” deveria ser explicado não só o que é como também o que é liberdade de expressão política, livre de fazermos os nossos comentários sem medo de represálias,a favor ou contra algum Governo, ou qual é o sentido da liberdade de imprensa. O sentido da palavra só faz jus quando estamos de qualquer forma, impedidos de… . A Liberdade só tem valor é quando a perdemos, não quando a temos, tal como tudo na vida. Enfim, “Viva o 25 de Abril!!”
25 de Abril de 2005 às 15:59
Não me lembro !!!
Continuação de um Bom Feriado !
25 de Abril de 2005 às 17:36
A Liberdade.
Conheci a Liberdade pela altura 25 de Abril de 1974. Era na época militar por dever e durante algum tempo passei a se-lo com gosto. Olhamo-no nos olhos, sem nada dizer, e de imediato despertou em nós a ponte que liga os corações apaixonados. Ia no Metro para encontrar-me com amigos algures na zona de Entrecampos mas sai logo junto com dela nas Picoas. Era uma rapariga mais jovem que eu, todo ela, promessa de mulher. Não lhe disse nada nem ela me perguntou o que fosse. Entregámo-nos logo um ao outro e amámo-nos sem peias ou amarras, sem limites ou planos de futuro, com a sensação de termos atingido o momento definitivo das nossas existências. Não establecemos compromissos nem alianças. Não fizemos planos para o Futuro. Não lhe pedi juras de amor eterno nem lhe ofereci nada nem ela me deu mais em troca do que era uma dádiva mútua generosa e única. Bastava-me tão só te-la, a Liberdade. Passeámos muitas vezes pelas ruas, e toda a gente olhava para nós. Sentia que todos amavam a Liberdade e que amavam o nosso amor. O tempo passou. O que era eterno e imutavel passou a ser só um episódio das nossas vidas. Deixei de ve-la. Troquei a Liberdade por outras paixões que me vieram cruzar o caminho. As paixões foram sempre inimigas da Liberdade…
Há tempos atrás voltei a ve-la. Estava mais velha que eu. Chorei ao re-encontrar-me com ela. Beijei-a e disse-lhe tudo o que me ia na alma. Mas ela secou-me as lágrimas e disse-me que fora sempre assim através dos tempos. A Liberdade será sempre a jovem generosa que trocamos por outros valores em maior ou menor grau. Contou-me as peripécias destes últimos anos. Do amor que dera a todos. Dos que quiseram apropriar-se dela. Dos que a maltrataram, dos que a quiseram acima de tudo e que por ela haviam dado a vida. Olhei os seus olhos cansados e revi-me no reflexo do seu brilho apagado. Olhamos um no outro durante uma eternidade enquanto ela afagava as minhas rugas.
Falámos um longo periodo, revendo rostos revivendo tempos…
Por fim disse-me que se ia embora. Ia talvez sair do Páis. Iá procurar um sítio onde estivessem ansiosos por ela. Lá talvez voltasse a encontrar numa paragem de Autocarro ou num Metro um jóvem que a amasse eternamente. Despedi-me dela com um longo beijo.
Foi a última vez que ví a Liberdade….
26 de Abril de 2005 às 0:01
Vivi intensamente o 25 de Abril de 1974, por mil e uma razões que não virão agora ao caso… Interessa, isso sim, dizer o que mais me marcou desse dia em tudo desigual aos demais dias: o grito libertário de um povo “despolitizado”, amarfanhado e espartilhado, social, culturalmente.
Se há um momento de especial propriedade para se utilizar esta expressão, diria que o povo português, em uníssono, sacudiu por breves momentos as grilhetas da opressão e readquiriu a sua dignidade.
Hoje, a tarefa que a todos cabe para afastar as nuvens adensadas nos céus não será fácil. Mas continua necessária e, porventura, mais urgente.
Um abraço.