Abr 26 2005
FEMININO/MASCULINO -2-
O repto foi aceite e reproduziu-se.
Também o leitor Charlie dá o seu contributo, escrevendo no feminino. Estou à espera de ler a escrita “no masculino” de mulheres que sabem transportar o imaginário para as palavras.
Escreveu o Charlie:
Um sonho de mulher.
Encontrava-me naquela fase limiar do sono, entre o sonho e o despertar, onde as sensações têm o peso para além da realidade.
A respiração dele massajava suavemente o meu pescoço.
Experimentara o morder dele no meu ombro, o que me fizera sair do sono profundo para este estado de quase consciência. Sentia os dentes dele a afundar em mim. Primeiro gostoso e depois com mais força, arrepanhando-me a pele numa prega fina entre os incisivos.
Acre como uma agulha, pensei, e senti-me ligeiramente incomodada.
Sem acordar em pleno, reagi movendo-me.
Mas ele aproximou-se mais de mim. O calor do seu corpo embalou-me e deixei-me afundar durante um instante mais nos braços de Morpheu. Contudo, as suas mãos começaram a explorar o meu corpo que não era mais do que apenas um instrumento para ele.
A minha consciência pendulava entre o limbo e o sonho. Estava deitada de lado e senti como ele pôs uma perna sobre mim, como as suas mãos tinham posto os bicos dos meus peitos entumecidos, como desciam e como agora exploravam o meu umbigo, deixando-me arrepiada. Contra o meu corpo sentia agora a pressão da expressão máxima da sua virilidade. Ele desceu mais e continuou. Eu por mim era apenas um frágil barco de papel navegando no infinito lago de desejo que era o dele. Quis dizer não, com o meu corpo a pedir sim, mas não me saiu qualquer som.
Senti-me afundar indefesa, e quando me pensava ir afogar, descobri de repente que a superfície do lago era apenas o limiar do primeiro céu dos sete para onde ele me queria transportar. Voltei o meu corpo de mulher rendida e senti como ele deslizou para cima de mim e para dentro de mim. Tocou nos meus lábios com os seus.
Não gostei da sensação. Estavam secos! Terrivelmente secos!
Acordei num sobressalto, num breve instante de consciência, mostrando a crueldade da realidade nua.
Ao meu lado não estava ninguém. Ele havia saído de casa havia já meses….. Deixei-me afundar novamente no sono. Senti ainda uma comichão no ombro – um mosquito, pensei, enquanto coçava já quase entregue ao mundo dos Deuses.
Ainda antes de mergulhar dentro de mim, desci com a mão procurando-me e voltando a encontrar o príncipe dos sonhos com o qual, momentos antes, tinha interrompido o encontro…
26 de Abril de 2005 às 11:11
Está lindo:) Beijos para o Charlie:)*
27 de Abril de 2005 às 22:30
A escrita no feminino feita por um homem transcende o real, pois é o homem quem imagina, e a mulher sente-o e disfruta. Os meus parabéns charlie, como disse: “Um grande “P””.