Abr 29 2005
CRÓNICA RÁDIO PAX (29-4-2005)
O Parque da Cidade, provavelmente a obra mais emblemática da intervenção POLI’s na cidade de Beja, foi recentemente distinguido com um Prémio Nacional de Arquitectura Paisagista, auferindo um 3º lugar entre 17 projectos.
Devo dizer que, desde o início das obras do POLI’s, este era o projecto que eu considerava mais ambicioso, quer pela volumetria, quer também por aquilo que poderia vir a constituir um novo e nobre espaço de lazer para os bejenses.
Sou visitante habitual do Parque, onde tento descobrir novas imagens fotográficas e as minhas filhas, dada a proximidade de casa, escolheram o Parque como o seu local preferido para brincar ao fim da tarde.
Com o que disse atrás, fica a imagem de que o Parque é o espaço de lazer preferido por toda a gente.
O Parque enferma, porém, de alguns males que, a não serem prontamente corrigidos, tornarão aquele espaço em mais um lugar desinteressante, como alguns existentes nesta cidade.
Não quero aqui sublinhar com grande ênfase o espectáculo de sujidade e falta de urbanidade que invadiu o Parque no passado dia 25 de Abril. Desde as tendas de venda de imitações fraudulentas de roupa de marca, que habitualmente enchem aos Sábados o espaço junto à Praça de Toiros, passando pelo caótico serviço de aluguer das embarcações, tudo isso transformou aquele lugar numa imundície enorme e num Parque muito pouco apetecível.
Espero que aquele tenha sido um acaso e que os responsáveis pelo Parque estejam atentos aos oportunistas que não deixarão escapar os dias de enchente para ali fazerem os seus negócios.
Mas o Parque tem, como disse, falhas importantes.
As instalações sanitárias são inexistentes ou insuficientes.
Tal falha leva a que, os mais afoitos, façam as suas necessidades onde muito bem lhes apetece e quando as urgências apertam.
Os baldes para o lixo são escassos, diria mesmo, muito escassos, o que, como é óbvio, leva a que o mesmo seja jogado para o chão, provocando um aspecto de evidente sujidade. É verdade que a boa educação e os costumes de alguns utilizadores dos espaços públicos deixam muito a desejar. Mas, como se costuma dizer, a ocasião faz o ladrão.
Também as bicas de água, daquela que mata a sede, estão secas. Sabe-se que a seca assola a região, mas não acredito que seja ela a culpada por os bebedouros estarem enxutos.
É também a falta de civilidade que leva a que os espaços relvados estejam sempre cheios de dejectos caninos, nada agradáveis para as solas dos sapatos e muito menos para o nariz. No entanto, se o Município fizesse aplicar a lei, através de fiscais autorizados, estou em crer que a maior parte dos animais passaria a fazer os seus serviços à porta das casas dos seus donos.
Também a falta de bares, esplanadas e outros espaços da restauração afasta muitos potenciais visitantes. Sabemos que os concursos para a concessão desses espaços estão a decorrer ou já em fase final, mas bolas, não houve capacidade de previsão e planeamento para que agora, que o calor chegou, tivéssemos já à nossa disposição esses serviços?
Outras falhas estão detectadas, como a insuficiente e deficiente iluminação nocturna, a falta de policiamento que afaste os habituais arruaceiros, a inexistente legendagem dos escritos arábicos no Jardim dos Cheiros, para além da degradação já evidente nalguns locais do Parque.
Se ao que disse somarmos uma até agora inexistente programação de animação, com espectáculos de pequena duração, exibição de artífices dos diversos campos das Artes, e de outras diversões, se assim continuar, dizia eu, os munícipes não regressarão ao Parque, vão virar-lhe as costas, como já fizeram ao Centro Histórico da cidade, e aquele espaço tornar-se-á em mais um erro, como tantos outros a que a nossa Câmara Municipal já nos habituou.
Desejo a todos um bom fim-de-semana que terá, obrigatoriamente, uma visita à OVIBEJA.