Abr 15 2005
CADEIA DE LITERATURA
A WIND (obrigado!) passou-me um elo desta cadeia. Que aceito. E a que dou continuidade.
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
– “A Sibila” – Agustina Bessa Luis
Já alguma vez ficaste apanhadinha(o) por um personagem de ficção?
-A escolha é difícil. Mas gostaria de me por na pele do próprio escritor. E criar as minhas personagens, dar-lhes vida e poder vivê-las. Escolheria então ser Gabriel Garcia Marquez. E volto ao princípio da resposta: a escolha é difícil, perante a galeria de personagens criada por Gabo.
Qual foi o último livro que compraste?
-“Portugal, Hoje – O Medo de Existir”, de José Gil. Para tentar compreender se é possível compreender….Portugal.
Qual o último livro que leste?
– Chegado a este patamar da vida, já não há livro que se leia pela última vez. As releituras são obrigatórias. Constantes. Mas posso dizer que tenho ao meu lado, permanentemente, a “Poesia Reunida (1967-2000)”, de Nuno Júdice. Descubro as novas palavras ao reler as que pensava já esquecidas. Para além de que, este livro, me foi oferecido pela pessoa mais especial que conheci em toda a minha vida.
Que livros estás a ler?
– “Eu hei-de amar uma pedra” – António Lobo Antunes
– “Triunfo do Amor Português” – Mário Cláudio
Que livros(5) levarias para uma ilha deserta?
Não estou a pensar em ir para uma ilha deserta. Acrescento: não vou para nenhuma ilha, e muito menos deserta. E mesmo que fosse, não cometeria a injustiça de escolher 5 livros. Não, decididamente, não!
A quem vais passar este testemunho (3 pessoas) e porquê?
Sem desconsideração pelos outros, escolho:
A Mad do Aliciante – porque sim!
O meu fiel comentador Charlie, porque, mesmo não tendo blog, é um consumidor deste produto. É a isto a que se chama “abrir à sociedade civil”.
O Manuel do Gasolim, porque quero ver como é que ele se desenrasca desta!
E os vencedores são:
– Todos!
15 de Abril de 2005 às 16:41
muito interessante, o desafio… deixa lá ver se me chega cá!
15 de Abril de 2005 às 17:16
Ah, sim?
Atão calha-me a bola? 🙂
Vá, um abraço
15 de Abril de 2005 às 17:21
Eu logo vi que eram muitas visitas… 🙂 O link da Wind está direccionado para o Gasolim.
15 de Abril de 2005 às 18:21
@manuel – obrigado pelo aviso! Já está emendado.
15 de Abril de 2005 às 18:57
Gostei das respostas:) beijos
15 de Abril de 2005 às 19:21
Terminei hoje mesmo de ler o “Eu hei-de amar uma pedra”! Até me deu para fazer um post a respeito da obra!!
🙂
Saudações
16 de Abril de 2005 às 9:29
Também foste apanhado! eheh
Gostei das respostas…
Eu tambem fui, pela marota da Angelis… eheheh
Abraço 🙂
16 de Abril de 2005 às 10:25
Não podendo sair do Fahrenheit 451, que livro quererias ser?
Estive quase a fazer um mini blog só para esta resposta, mas como não o quero fazer deixo ao nikonman a estopada de colocar a saída do repto.
Ray Bradbury escreveu Farenheit 451 em 1953, e François Truffaut transformou em filme em 1966.
A temática refere-se aos movimentos cíclicos de fundamentalismos e limpezas ideológicas, que tem como acção fundamental a queima de livros. A destruição da biblioteca de Alexandria (os livros serviram para aquecer caldeiras), os autos de fé na idade Média e até no Renascentismo, com destaque para o Savanarola que queimava pirâmides de livro e quadros, passando pelo Nazismo e a Revolução cultural do Mao Tse Tung, todos conheceram os autos de fé em que a verdade só poderia vir do poder. No tema, Farenheit 451, temperatura de combustão do papel, todos teriam de decorar um livro como forma de perpetuar o conhecimento. Eu seria o livro “Dialéctica da Razão Vital” de Ortega e Gasset, pela interdisciplinaridade que ele tem na arte do pensamento, remetendo para outros pensadores modernos, com elos para a recuperação dos seus pensamentos.
Já alguma vez ficaste apanhadinho(a) por um personagem de ficcção ?
De facto todos nós incorporamos as personagens, dos livros que lemos. Mas o leitor é sempre uma alma vadia cujas transfigurações interiores se alteram ao som do fecho da última página para incorpar nova personagem ao abir da primeira do livro seguinte. A personagem que mais me apanhou, foi na minha juventude mais temperã (sim porque sou um jóvem nos tempos que correm) o elemento central do livro “Colmilhos Brancos” de Jack London. Curiosamente não é nem homem nem mulher, mas sim um lobo.
qual foi o último livro que compraste
Por acaso não foi comprado mas foi oferecido. Um pequeno livro escrito pelo dr Francisco Correia das Neves, que vive em Beja cujo titulo se chama, ” O crime do Guincho” Agradeço aquí publicamente a oferta, que teve direito a dedicatória. De ler!
Os livros que vou comprar a seguir serão o ” No Logo” de Naomi Klein, e o ” Eu hei-de amar uma pedra” do L. Antunes
Qual o último livro que leste?
O ultimo livro que lí chama-se ” A regra de Quatro” de dois autores, Ian Caldwell e Dustin Thomason.
Mas tal como muitos tenho feito releituras nomeadamente” o Processo” e a ” Metamorfose” do incomparável Franz Kafka, além de ler como todos horas a fio na net com destaque para blogs de poesia.
Que livros estás a ler?
Estou a ler “Gods of Eden ” de Andrew Collins
e um livro lindissimo que tinha ficado a meio e que se chama “Zabiba e o Rei” do decapitado Saddam Hussein, e que retoma de repente uma actualidade metafórica impressionante perante o que se passa no Médio Oriente.
O livro que irei ler de seguida é um duma série que se chama “os grandes julgamentos” e é ” Oscar Wilde*O escandalo da Condessa” Tenho tido a oportunidade de interiorizar ao longo da leitura das diversas obras que compõem esta série o quanto as leis, as normas, a justiça enfim, estão sempre do lado da força, e como mesmo nos regimes democraticos a desvirtuação dos conceitos básicos é regra. Como se diz, “a razão das bestas é a sua força”
Que livros levarias para uma ilha deserta
Levaria um livro que é fundamental nestes casos. Um manual de sobrevivência. Depois levaria um pequeno livro delicioso que se chama ” O velho que lia romançes de amor” do Luis Sepulveda. Usá-lo ia como manual de sanidade mental, e tambem como Biblia de sobrevivencia e entrosamento ecológico. Para que eu não morresse de fome destacaria uma frase entre muitas, só para não cometer os mesmos erros: …Os colonos devastam a floresta construindo a obra prima do homem civilizado, o deserto…
Outro livro que levaria seria ” A jangada de pedra” do nosso Nobel. Como metáfora do nosso estado actual, este livro com 20 anos de distancia espelha bem a ilha em que Portugal se transformou, estando á deriva e desligado do resto da Europa. Releria esse livro esperando que por estranho sortilégio, as amarras que prendessem a ilha se despregassem do fundo levando-a para paragens onde visse a luz do sol nascer recortando a silueta dum continente no horizonte.
O quarto livro seria um diário. Para escrever as coisas que nos ocorrem quando temos todo o tempo do mundo.
O quinto livro seria o mais importante: Um poema!
Para estar desterrado
numa ilha qualquer
só quero no meu fado
um poema: a Mulher.
E seria com ela e por ela que teria todos os dias uma entrada no meu diário. Estando sós escreveria ; …querido diário, encontrei hoje a mais maravilhosa mulher do mundo….
A quem passo o testemunho
[olha janeca, passa as hiperligações ( ahref etc)]
Passo ao nosso amigo do Alvitrando, á Agatha e passaria tambem a ao Mashamba
16 de Abril de 2005 às 10:48
Ora bolas! Quem é o vencedor? Que pergunta…
Todos sabem que a resposta só pode ser uma
16 de Abril de 2005 às 20:19
Há para aí algumas afinidades, João. Gostei.
Deixo um recado para o Charlie, aqui uma vez que não tem blog: o livro do Sepulveda (que por “acaso” também apontei como um dos que levaria comigo) é realmente uma pequena pérola.
Um abraço