Fev 11 2005
Crónica Radio Pax (11FEV05)
Era minha intenção não voltar a falar, neste espaço radiofónico, do folhetim em que se tornou a Empresa do Aeroporto de Beja (EDAB). Julgo que o projecto seja suficientemente importante para que, à volta do mesmo, se evite criar tanto ruído e se provoque tanta instabilidade.
Porém, os acontecimentos que rodearam a última Assembleia-Geral de accionistas daquela Empresa, levam-me a ter que acrescentar mais algumas palavras ao meu anterior apelo de que já bastava de confusão.
O que sucedeu na Assembleia do passado dia 25 de Janeiro é conhecido de toda a gente: foi adiada a Assembleia que estava prevista, por não reunir as condições legais exigidas, mas, mercê de golpe de baixa política, a referida assembleia voltou a reunir, sem a presença da Mesa legitimamente eleita, com o único intuito de fazer aprovar aquilo que já é considerado um escândalo.
Já o disse e volto a repetir: nomear um novo Presidente do Conselho de administração da EDAB e fazer a contratação de funcionários ligados à Distrital do PSD a poucos dias de eleições legislativas, cheira a compadrio, tem aspecto de quem se quer servir a si próprio e é de um manifesto oportunismo político, que nada de bom poderá trazer ao projecto do Aeroporto de Beja.
A confirmarem-se os nomes que por aí circulam, não tenho dúvidas que este é um claro exemplo de “Job for the boys”, que nos tempos de Guterres era censurável, mas agora no reinado de Santana Lopes já parece ser legítimo.
É de facto lamentável que o decoro e o bom senso tenham abandonado algumas das cabeças dos dirigentes social-democratas do Distrito. Que, em nome de interesses pouco claros, se faça todo o tipo de manobras para colocar em lugares bem remunerados os amigos do Partido, sem se olhar se são os mais competentes e sem que prestem provas da sua capacidade.
A urgência com que se quis fazer aprovar as novas contratações reflecte falta de transparência e deveria ser alvo de uma fiscalização por quem de direito.
Só que, e nestas coisas há sempre um se, tudo isto foi feito com o aval do Estado, sócio maioritário na EDAB, que apadrinhou, se associou e, quem sabe, incentivou estas atitudes.
Com a recente visita do Primeiro-Ministro à Base de Monte Real, começam a ficar cada vez mais claras as intenções dos nossos governantes relativamente aos projectos para o Alentejo. No caso do Aeroporto de Beja, julgo que já não restam dúvidas de que tudo tem sido um cabaz de promessas, mas com o único intuito de ir enganando os alentejanos, ao mesmo tempo que, com o dinheiro de todos os portugueses, se vão pagando favores e enchendo de mordomias algumas clientelas políticas.
O Alentejo merece ser tratado doutra forma e só espero que haja alguém que, com autoridade e bom senso, venha por termo à pouca vergonha que é essa Empresa de nome EDAB.
(crónica publicada igualmente no Notícias Alentejo)
(noticiário da Radio Pax abre com excertos desta crónica)
12 de Fevereiro de 2005 às 0:02
Se ninguém ainda comentou nada a propósito deste tema quentissimo, o natural é sermos levados a pensar várias coisas. Em primeiro lugar, alguns dirão que este Blog não é lido por ninguém. Especulações á balda já que o Blog tem indicador de visitantes.
Outros dirão que o assunto está a ser tratado a alto nivel. Coisa que prima pela total inversão de alturas, já que só transparecem jogadas de “bass fond”.
Após a total totoica visita do Santana Lopes á tal base area lá para o Norte, onde fez o papelão de Totó-Surpreso pelo tamanho da área da base, só me resta a única explicação para a EDAB:
Este magnifico espaço, uma infra estrutura única, (repare-se que é o único onde o novo Airbus A380 pode aterrar e manobrar no país) serve só para entreter os pacóvios dos votantes, mantidos na espectativa e por esse meio rendendo votos. Repare-se como Santana foi assinar um protocolo bacoco permitindo a partilha da outra base com serviços civis! Lembram-se quando o sr José Manuel disse que os aviões iriam pousar e levantar em Beja, em Julho, depois Setembro, e depois meados do ano que viesse a seguir, e depois lá para o fim do ano, e agora depois de muita treta, lá irão começar as obras (hahahahha) no ano de 2006.!!!!!??????. Decerto muita gente le este blog. É uma referencia nacional a muitos níveis. Ninguém comenta a pouca vergonha que envolve o EDAB? Tratam as espectativas e projectos duma região como se fosse uma negociata de vinhos e petiscos? Então uma estrutura de milhões de contos e o seu futuro é assunto para arranjinhos de gente de baixo nível?
A conclusão que chego é que o pessoal do Sul não os tem no sítio!
Pois é. Por muito menos no Norte levantam as linhas do caminho de ferro, fecham as estradas, e os sinos tocam a rebate!. Malta do Sul: aprendam um pouco com a garra da malta do Norte!
Quero ver as forças vivas desta região a baterem-se por este projecto. Se não disseram nada, é porque não há forças vivas na região. Será então uma causa perdida. Uma adeus e um abaixar de braços. E dos fracos não reza a História….
12 de Fevereiro de 2005 às 15:38
Faço minhas as palavras de Charlie. Não vale a pena repetir o que, noutros comentários, eu disse acerca do tema EDAB e da forma como o Alentejo é tratado por Lisboa. Estão-se nas tintas para nós, e é tudo. Damos poucos votos, logo não temos interesse para os medíocres que mandam na nossa democracia. Coesão nacional, desenvolvimento do interior, combate à desertificação humana, são ideias que não passam pelas cabeças dos donos do regime – quando muito, debitam alguns lugares comuns sobre estes temas nas campanhas eleitorais, quando vêm ao interior fazer comícios.
Creio que ninguém – nomeadamente Charlie – pensa, a sério, em levantar linhas de caminho de ferro, até porque, preventivamente, Lisboa já desactivou praticamente todas as que existiam no Alentejo. É apenas uma maneira de falar, obviamente.
Mas que temos, no Alentejo, de fazer ouvir a nossa voz contra o ostracismo a que Lisboa nos vota, disso ninguém duvide. Já que Lisboa não se aproxima para nos ouvir, temos de gritar para ver se nos ouve. Por mim – que nem sou alentejano de nascença, mas vivo cá há muito e amo esta terra mais do que muitos que cá nasceram -, vou participando neste blog. É pouco? Talvez não. Muita gente o lê, embora poucos participem. O que é pena. Se mais leitores participassem, talvez se pudesse começar a abrir caminho para alguma coisa que valesse a pena. Mais não fosse, poderia alguém ver que, aqui no Alentejo, somos poucos, mas bons. E já que, só pela quantidade, não nos safamos, talvez pela qualidade e pela vontade de participar levássemos a nossa voz a algum lado.
13 de Fevereiro de 2005 às 23:57
Caro Xavier. É confortante saber que pelo menos um leitor mais se deu ao incomodo de levar a sua indignação sob forma de protesto escrito que o sr João Espinho permite que seja afixado, sob forma de comentário, neste seu espaço virtual.
De facto quando falo em levantar linhas de comboio estou a referir-me realmente de forma metaforica a esse tipo de atitudes. O “levantar de linhas” passa muito mais por acções de intervenção civicas onde se pode potenciar o protesto sob forma de pressão sobre os órgãos e delegações governamentais que nos estão proximos. Quem visite o site da EDAB,“>http://www.beja-aeroporto.com/”>EDAB, julgará tratar-se dum projecto sito noutro pais.
Uma página de entrada, com uma tabela de hiperligações que nos conduzem a outras partes do site. Mas se clicar nelas, verá que ligam a …..parte nenhuma. Ou melhor, a duas ou tres linhas que dizem pouco mais que nada. Tal qual como o projecto está de facto. Nesse campo o site é coerente. A parte virtual e a parte real confundem-se ao ponto de se tornarem as duas virtuais. É o chamado princípio da absorção.
Se visitarem o site, verão que os aviões irão pousar “já” no ano de 2006. Entretanto, aínda há dias, foi transmitida a informação que as obras iriam começar “só” em 2006. Trapalhadas e paleio fiado para entreter os pacóvios como escreví e torno a escrever.
Por tudo isto volto a apelar ás forças vivas desta região qua façam algo. Isto é coisa que atravessa transversalmente todos os sectores politicos da região. Se há um mar de diferenças ideologicas e de praxis que os separa, há de certo um elo comum que a todos une. O aeroporto é certamente assunto em que estão de acordo. Cada dia que passa, é mais um dia perdido para esta causa comum a todos os Alentejanos. Para os que cá viram a luz do dia pela primeira vez, e para aqueles que nascidos longe, aprenderam a amar estas planicies e tomá-las como sendo suas. Hajam mais a manifestar-se. Aquí e/ou em qualquer outro lado.
14 de Fevereiro de 2005 às 22:11
O comentário original tem muito que se lhe diga. Quem é que o origina? Primeiro foi um “certo” autarca. Agora o autor é outro. “Moral” da história: há aqui um denominador comum, ou uma desempregada do anterior sistema. É que agora falam os que nunca falaram, e calam-se os que antes se indignaram.
15 de Fevereiro de 2005 às 9:44
@afastado – quando não se é claro, ficam muitas questões em aberto. É o caso do seu comentário.
Veja lá se troca por miúdos, pois aqui na Praça gostamos de transparência (mesmo que em comentários anónimos).