Jan 07 2005
Crónica RADIO PAX (7/1/2005)
Destaco:
“Depois, e o depois é ainda mais desgostoso, Pedro Santana Lopes convidou o autarca de Ourique e seu apaniguado de longa data José Raul dos Santos para ser candidato pelo círculo do Porto, dando mostras que este é competente a concorrer no Norte mas incompetente se fosse candidato por Beja. Esta atitude de Santana Lopes, que parece ser de respeito pelas gentes do Distrito de Beja, e a querer dizer que esta região irá ter um deputado, embora eleito no Porto, esta atitude, dizia eu, só poderá enganar aqueles que, dentro do PSD se consideram detentores da verdade absoluta e que a tudo se resignam.
Este comportamento tem, de forma inexplicável, o total apoio do Presidente da Distrital de Beja do PSD. Será pois, também, Amílcar Mourão responsável pelo resultado que o PSD vier a obter no Distrito, que eu gostaria fosse o melhor possível.
Tenho a certeza que, ainda na noite de 20 de Fevereiro, todos saberemos tirar ilações dos resultados e, sem endossar culpas, assumir as responsabilidades que a cada um de nós coube neste processo.
Da minha parte nunca ouvirão falar em punhaladas nas costas e muito menos andarei à procura de bodes expiatórios imaginários.
As escolhas foram feitas e as urnas ditarão a sua justiça.”
A formação das listas de candidatos a deputados é, sem dúvidas, uma das tarefas mais ingratas a que se dedicam os directórios partidários.
Tentando arranjar equilíbrios entre várias sensibilidades, evitando ferir o menor número possível de susceptibilidades e efectuando simultaneamente uma ginástica que capte o maior número possível de eleitores, as Direcções dos partidos confrontam-se com o peso de ter que tomar decisões acertadas, pois o contrário levará à perda de eleições e ao seu consequente julgamento.
As Comissões Políticas regionais têm, pois, uma enorme responsabilidade no sucesso ou fracasso das suas escolhas, sendo elas que, também, serão julgadas nas votações eleitorais. É por isso que, a maior parte das vezes, são escolhidas personalidades de reconhecido mérito nacional e regional, de preferência com obra e história feita, para encabeçar as listas de candidatos.
Obviamente que os Presidentes dos Partidos têm sempre a última palavra a dizer, pois é também a sua política e projectos que se sujeitam a sufrágio. Não admira, portanto, que na maior parte dos partidos políticos portugueses sejam os respectivos presidentes a escolher os nomes cimeiros das listas dos pretendentes a deputados.
Aqui, no Distrito de Beja, o processo não foi diferente e, quer no PS quer no PSD ouviram-se vozes locais a discordar de algumas das opções tomadas pelos Presidentes dos respectivos Partidos. Do PCP, como é hábito, nada transpareceu, pois ali trabalha-se para a unicidade e unanimismo e alguma voz discordante é logo abafada, pelo que se pretende fazer crer que as escolhas são do agrado de todos os militantes e simpatizantes comunistas. O Bloco de Esquerda e o CDS/PP pouca expressão eleitoral têm, pelo que, o seu objectivo de ir gradualmente angariando votos, não provoca convulsões de maior nas suas hostes.
Foi porém no PSD que se sentiu maior agitação. Há 8 anos sem deputado pelo Distrito de Beja, este Partido e a sua respectiva Direcção Distrital tentaram encontrar um nome que pusesse termo a este jejum, pelo que várias hipóteses se colocaram, tendo ganho cada vez mais força, e sendo mesmo adoptada, a estratégia de fazer encabeçar a lista por alguém ao nível nacional com ligações estreitas à região e que já tivesse demonstrado competência governativa.
Não importa agora saber se esta estratégia seria a ideal, pois na altura própria referi que seria preferível o nome de um residente, conhecedor dos problemas da região e com alguma experiência política.
Desconheço que tipo de conversações foram mantidas entre a estrutura distrital do PSD e o Presidente do Partido. Não sei se Amílcar Mourão defendeu, como lhe competia, o ponto de vista da estratégia aprovada. Tão pouco sei se a estratégia aprovada era defensável.
O que se conhece é que, a encabeçar a lista social-democrata por Beja, se apresenta uma senhora que, sem ter culpa nenhuma, aceitou a ementa que lhe foi servida por Pedro Santana Lopes. Sem ligações ao Distrito – sim, porque o facto de ser proprietária de uma casa de férias em S. Teotónio não lhe poderá dar esse estatuto – e sem ser conhecida por estas bandas, a imposição do nome de Glória Marques da Costa é prova de uma enorme desconsideração da parte de Santana Lopes. Não serão só os militantes e simpatizantes do PSD que se sentirão enganados, pois também todos os alentejanos considerarão esta escolha como uma forma de desprezo por parte do candidato a Primeiro-Ministro.
Depois, e o depois é ainda mais desgostoso, Pedro Santana Lopes convidou o autarca de Ourique e seu apaniguado de longa data José Raul dos Santos para ser candidato pelo círculo do Porto, dando mostras que este é competente a concorrer no Norte mas incompetente se fosse candidato por Beja. Esta atitude de Santana Lopes, que parece ser de respeito pelas gentes do Distrito de Beja, e a querer dizer que esta região irá ter um deputado, embora eleito no Porto, esta atitude, dizia eu, só poderá enganar aqueles que, dentro do PSD se consideram detentores da verdade absoluta e que a tudo se resignam.
Este comportamento tem, de forma inexplicável, o total apoio do Presidente da Distrital de Beja do PSD. Será pois, também, Amílcar Mourão responsável pelo resultado que o PSD vier a obter no Distrito, que eu gostaria fosse o melhor possível.
Tenho a certeza que, ainda na noite de 20 de Fevereiro, todos saberemos tirar ilações dos resultados e, sem endossar culpas, assumir as responsabilidades que a cada um de nós coube neste processo.
Da minha parte nunca ouvirão falar em punhaladas nas costas e muito menos andarei à procura de bodes expiatórios imaginários.
As escolhas foram feitas e as urnas ditarão a sua justiça.
8 de Janeiro de 2005 às 11:52
“Tenho a certeza que, ainda na noite de 20 de Fevereiro, todos saberemos tirar ilações dos resultados e, sem endossar culpas, assumir as responsabilidades que a cada um de nós coube neste processo”…
É uma verdade absoluta…
Veremos, nesse dia, quem, de dentro da trincheira, andou aos tiros nos nossos e poupou os adversários…
Veremos, nesse dia, quem, de dentro da trincheira, esteve ausente da campanha e, com essa ausência, contribuiu para o resultados dos adversários…
Veremos, finalmente nesse dia, de que lado está cada um de nós, clarificação que, se tivesse ocorrido em Junho, certamente nos pouparia a este processo eleitoral, mau para o País, injustificado para muitos portugueses!
8 de Janeiro de 2005 às 17:08
@laranja – essa é uma visão puramente redutora e exclusivamente partidária. Os interesses nacionais estão muito, mas muito mesmo, acima das esquadrias e trincheiras partidárias.
O julgamento das urnas é incontornável.
13 de Janeiro de 2005 às 16:39
Pois, isto de determinadas pessoas que podem falar nos sitios próprios e internos dos partidos de que fazem parte não aparecerem lá e virem fazer criticas para a praça pública é muito confortável. É pena é que não as façam onde podem ter respostas directas e pessoais… É uma questão de coragem e de verticalidade. Uns têm…outros querem aparentar ter.