Dez 31 2004

Crónica RADIO PAX (31/12/2004)

Publicado por as 12:42 em Crónicas

Chegados ao último dia do ano, é aproveitada esta ocasião para fazer um balanço do que foram os 365 dias que passaram e ao mesmo tempo manifestar desejos para o ano que amanhã vai começar.
Olhando para trás, fica-me a sensação de que muita coisa boa aconteceu, a par de outras não tão boas ou mesmo más que nos foram acontecendo.
Se a título pessoal o ano foi rico em emoções, e não cabe neste espaço falar de emoções pessoais, no plano político e social muito haveria para dizer.
Detenho-me em 2 aspectos que julgo terem sido marcantes no ano que agora termina.
Pela positiva, não devemos esquecer o êxito que foi a organização do Campeonato Europeu de Futebol, o EURO 2004, que veio revelar, mais uma vez, a capacidade que os portugueses têm, não obstante os inúmeros obstáculos, em produzir trabalho altamente qualificado. Portugal distinguiu-se internacionalmente, pois o EURO 2004 correu de forma excelente e as entidades mundiais ligadas ao futebol afirmaram que este foi o melhor Campeonato, em termos de organização, a que assistiram. Habituados que estamos a que tudo corra mal, este EURO 2004 deve encher-nos de orgulho e fazer com que acreditemos nas nossas capacidades. A derrota na final em nada pode ensombrar o sucesso do evento.
No campo oposto, e muito pela negativa, o ano que agora termina salda-se por um acumular de frustrações, pois a tão apregoada retoma económica não passou de uma miragem e de um desenrolar de promessas que, chegados ao dia de hoje, sabemos não terem sido mais do que isso: promessas!
Durante 2 anos e meio foi pedido aos portugueses que se sacrificassem, pois este esforço seria recompensador e iríamos, no final do ciclo das dificuldades, viver melhor e mais desafogadamente. Acredito que as intenções tivessem sido boas, mas bastou meia dúzia de meses de desgovernação santanista para que se pusessem a nu as fragilidades da nossa economia. Relembro que ainda há 10 anos Portugal era considerado um bom aluno europeu, pois a economia crescia e os portugueses sentiam que valia a pena fazer sacrifícios. Agora, com a história do défice e do cumprimento dos pactos de estabilidade económica, impostos por Bruxelas, e em que os sacrificados foram, como sempre, os pertencentes às classes médias, chega-se à conclusão que só mercê grandes engenharias financeiras Portugal conseguirá cumprir os pactos estabelecidos. Os responsáveis por este descalabro serão, obviamente, julgados em eleições, mas a sensação que nos fica é que, cada vez mais, a política serve para enganar e entreter o Povo, enquanto outros exigem sacrifícios que eles próprios não sabem realizar. É o Portugal a bater no fundo, é o desalento e o descrédito.
Poucos acreditarão em políticos que agora venham, de novo, pedir mais sacrifícios. Os resultados do ano que passou não deixam margens para dúvidas: a competência está afastada da governação e o estado a que isto chegou está a precisar de um verdadeiro abanão.
Caros ouvintes. A esperança é a última a morrer. E eu ainda tenho esperança que os portugueses saibam distinguir o mal do bem, saibam, quando a isso forem chamados, julgar quem tão mal os trata. É isso que eu farei.
Desejo-vos uma boa passagem de ano, bebam com moderação, pois amanhã é outro dia e é a partir dele que começamos um ano que desejamos e queremos com saúde, renovado e cheio de coisas boas.
Até para o ano.

(crónica igualmente publica no Notícias Alentejo)

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Uma Resposta a “Crónica RADIO PAX (31/12/2004)”

  1. charlie diz:

    Então mas em quem deveremos confiar?
    Se entregamos o nosso futuro colectivo á competência (por eles propalada aquando das campanhas eleitorais), de senhores ilustres e depois de algum tempo estamos todos a viver pior, é porque são incompetentes! Mentiram, quando nos enfiaram a história da Tanga, mentiram quando disseram que a Base de Beja iria ter voos em Julho, depois em Novembro, depois para meados do ano seguinte e depois novamente as obras iriam começar daí a pouco e no fim, Merda Marínho que é tudo conversa fiada! Como diz o outro, falam falam falam e não os vejo fazer nada, e é claro que fico chateado!
    Mentiram quando nos disseram que o páis iria recuperar espectacularmente se cumprissemos o pacto. Mentiram-nos com as ameaças de sanções já que os outros paises estão-se marimbando para estragar a sua economia, correndo cegamente atrás de teorias de gabinete. O nosso Governo não teve tomates para dar um murro na mesa e exigir igualdade no trato! Não teve tomates para mostar como o cumprimento do pacto tinha-nos levado à bancarota! Nem recuperação económica, nem consolidação das contas, nem a redução das despesas. O País está falido, não temos NADA! Foi um fiásco completo!
    Quando um pai de família parte o mealheiro dos filhos para pagar maus governos, mal está a casa entregue! Foi o que fez o BAgão aínda há dias! Gamou as poupanças privadas de gente que só vive do ordenado! Um roubo descarado.
    E agora o futuro? Não vejo nada de bom! Salvando as devidas distancias, manter este espartilho do défice para Portugal, é o mesmo que exigir que os países que sofreram com o Tusnami que façam o mesmo. Eles estão arrasados e precisam de todo o apoio para recuperar. Não faz nenhum sentido falar em défices, teorias de universidade e palpites de senhores cinzentos e voz grossa que nunca riem!
    O que faz falta é por o país a funcionar. Depois é que se pode lavar as mãos, cortar as unhas e planear o acerto das contas. Em portugal também ficamos arrasados por uma politica estupida. Quem vier atrás, (mesmo que seja do PSD a vencer)não pode recuperar o país sem ditar prioridades. Reconstruir primeiro e depois acertar arestas. O contrário é que não! Como todos sabemos de forma bem amarga…

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