Dez 29 2004

BEJA E AS GRANDES SUPERFíCIES COMERCIAIS

Publicado por as 11:30 em A minha cidade

O assunto tem sido abundantemente abordado.
Após o “chumbo” que o executivo da Câmara de Beja deu a alguns projectos para a cidade, vieram as justificações.
Primeiro foi o vereador Vítor Silva a dizer que a reprovação era uma forma de defesa dos interesses dos comerciantes tradicionais. Isto é, Vitor Silva deve ter efectuado profundos estudos económicos e chegou à conclusão que, para o desenvolvimento da região, seria preferível defender os comerciantes tradicionais em detrimento dos interesses dos consumidores. Vitor Silva é um erro de casting e não há volta a dar-lhe.
Posteriormente, o Presidente da edilidade vem dizer-nos que o “chumbo” se deveu ao facto de “2 dos projectos violarem o PDM, outro por desrespeitar o previsto num loteamento particular e outro por carecer de plano de pormenor“. Isto é, o Presidente desmente as razões do vereador e os brandos costumes obrigam-nos a dizer que tudo está bem e não vale a pena falar mais no assunto.
Porém, e sabia-se que mais tarde ou mais cedo alguém apareceria a manifestar a sua indignação, um dos investidores reclama e protesta. E porquê? Porque a Câmara de Beja não respeitou os compromissos que havia assumido. A somar aos protestos do investidor (Loja Plus) vem também a Diocese de Beja dizer que foi “altamente prejudicada” com a decisão da Câmara.
As razões de uns e os protestos dos outros podem ser lidos nesta peça publicada no Diário do Alentejo.
Ficam no ar algumas questões: entre 2001 e 2004, o que se alterou para que a Câmara viesse a inviabilizar o projecto da Loja Plus? Porque se deixou avançar o projecto – a construção da rotunda, uma das contrapartidas assumida e cumprida pelo investidor e pela diocese, para depois se reprovar o mesmo?
Uma certeza tenho: os consumidores foram, mais uma vez, prejudicados.
Seria bom que a Câmara e o seu Presidente fizessem jus ao cartão de Boas Festas onde nos desejam “um ano de 2005 de promessas cumpridas”. Pois!

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Uma Resposta a “BEJA E AS GRANDES SUPERFíCIES COMERCIAIS”

  1. charlie diz:

    Este comentário serve para sossegar as mentes mais espevitadas e que passam o tempo todo a desconfiar que Nikonman e Charlie são as duas faces da mesma moeda.
    Estou em total desacordo com a vinda de mais hipers para Beja. Primeiro, porque reduzir as pessoas a consumidores pura e simples tem para mim uma conotação de carneirada que vai em bando todos atrás uns dos outros de olhos enfiados nas prateleiras, comprando o que precisam, e principalmente o que lhes não faz falta nenhuma. O acto de comprar deve ser um acto gratificante e não uma sequencia muito bem estudada por psicologos do comportamento humano, que por esta via, transformam esse acto em algo estupidificante.
    Por outro lado, não sou totalmente contra hipers, mas sim contra o que esses espaços fazem ás urbes. Algo de radical tem de ser feito no sentido de alterar coisas fundamentais. Os hipers são de modo geral, máquinas de extracção de dinheiro dos sitios onde estão. O retorno é minimo. Nem o dinheiro apurado passa pelas agencias bancárias locais. Os hipers sugam sem dar em troca coisa que se veja. Impostos, já se sabe como é: com batalhões de contabilistas por conta, é o mímino. As camaras também não vêem nada das mãos deles. Reduzem o emprego no comércio tradicional, criando eles proprios empregos, de tipo escravo, precário e mal pago!. O encerramento da maior parte das pequenas lojas reduz as cidades a meros dormitórios, sem o pulsar da vida comercial. O impacto final é negativo e países como a Iglaterra, vendo a base tributária reduzir-se pela feroz e desleal concorrencia , obrigou os hipers a ficarem distantes 10 milhas dos grandes centros urbanos.
    Sem ir tão longe bastaria unificar condições de emprego, concorrencia e re-investimento local a nível de todo o país, para que os hipers fossem polos de desenvolvimento em vez de serem aspiradores de recursos que se deslocalizam com predominancia para o Norte. Em resumo, paguem impostos, como toda a gente, paguem ordenados decentes e com condições dignas aos seus funcionários, e deixem cá algum do nosso dinheiro em investimentos de retorno. Assim a conversa é outra!