Out 22 2004
CRÓNICA RÁDIO PAX (22/10)
Em duas crónica anteriores, referi-me aos caminhos e encruzilhadas que se deparam aos Partidos Comunista e Socialista nas próximas eleições autárquicas.
Falemos hoje dos desafios que o PSD tem que encarar.
Os social-democratas bejenses têm, ao que parece, como objectivo principal, a manutenção de um vereador no futuro executivo camarário.
Para tal basta-lhe que o seu tradicional eleitorado não fuja a votar no Partido Socialista, naquilo que é considerado o “voto útil” e que ao longo de diversos actos eleitorais tem vindo a penalizar o PSD.
O PSD enfrenta normalmente, em eleições autárquicas, uma grande dificuldade em penetrar nas freguesias rurais do concelho. Em muitas delas não apresenta listas candidatas, noutras não consegue elevar a sua votação, pelo que se poderá dizer que o eleitorado social-democrata é aqui essencialmente urbano.
Nas últimas eleições autárquicas, com João Paulo Ramôa a encabeçar a lista laranja candidata à câmara, assistiu-se a um aumento considerável de votantes no PSD, a que não é alheio o carisma pessoal do candidato, mas também porque se percebeu que havia um projecto credível no seu programa eleitoral. Com a sua saída, há quem lhe chame fuga, para o Governo Civil, a vereação social-democrata ficou entregue a um independente, sem ligação estreita ao Partido, pelo que, qualquer iniciativa por este tomada, ter-se-à perdido nas escadarias da Câmara. Os eleitos nas Juntas e Assembleias de Freguesia também pouco ou nada puderam fazer para que o PSD tivesse alguma visibilidade.
Chegados a este ponto, pergunta-se, como pode o PSD manter um vereador?
A social-democracia bejense tem um dilema de elevada monta à sua frente.
Se apresentar um candidato desconhecido, sem carisma e pouco mobilizador, poderá, mesmo que o seu programa seja sedutor, ver o seu eleitorado preferir votar na força que se apresente como potencial vencedora e alternativa aos comunistas. Isto é, o PSD corre o perigo de perder o seu vereador. Nas hostes socialistas reza-se para que assim seja, pois isto viria a facilitar a ascensão do Partido da rosa à presidência do município.
Porém, os sociais-democratas poderão fazer avançar como cabeça de lista um nome que tenha credibilidade, seja reconhecido pelo seu empenho nas questões da cidade, tenha curriculum político e não provoque alergias no eleitorado que habitualmente vota nos partidos à esquerda do PSD. Se assim for, o PSD conseguirá manter o seu vereador. Porém, a fixação do seu eleitorado, somada à angariação de votos à esquerda, poderá fazer com que o Partido Socialista não consiga a votação necessária para fazer eleger o Presidente da Câmara.
O dilema do PSD é pois este: apostar forte, mesmo que isso custe a continuidade do PCP na presidência, ou optar por se apresentar com uma figura fraca, dando espaço ao PS para derrubar os comunistas, mesmo que isso signifique a perda de um vereador?
Haverá na Direcção do PSD bejense quem pense haver uma 3ª via que é o PS ganhar as eleições e o PSD manter o seu vereador. Esse é o sonho do PSD. Porque julgará que a sua hora de aumentar o número de vereadores está mais perto. Porém, esta forma de sonhar poderá ser uma ilusão que afastará o PSD cada vez mais do poder autárquico no concelho de Beja. E para evitar isso, o PSD só tem como alternativa apostar cada vez mais na qualidade dos seus candidatos.
Resta-nos aguardar pela surpresa, boa ou má, que nos guarda o Partido da Praça da República.
25 de Outubro de 2004 às 14:45
O facto de seres do psd não condiciona a visão que tens dos assuntos desse partido. Muito bem. Concordo com a tua análise. O PSD
só se imporá se apresentar candidatos credíveis.
Abraços
26 de Outubro de 2004 às 17:18
Gostava imenso de saber a opinião dos candidatos e dos partidos acerca dos problemas da cidade:educação, cultura, urbanismo, desenvolvimento.seria elucidativo para verificarmos o atoleiro de ideias e asneiras onde estamos metidos.E carisma só não chega…calos agostinho
26 de Outubro de 2004 às 17:23
Só mais uma, por acaso alguém sabe que este ano se comemora a entrega do primeiro foral à cidade de Beja? São 750 anos de história…coisa pouca para tanto Pólis.para os que ainda gostam desta cidade a data do foral afonsino(D. Afonso III) é de 16 de fevereiro de I254.E que tal dar publicidade a esta verdadeira efeméride? carlos agostinho