Set 17 2004

CRÓNICA RÁDIO PAX

Publicado por as 10:00 em Crónicas

Chega hoje ao fim a etapa mais controversa do programa POLIS, a etapa das obras.
Ao longo desta etapa fui uma voz crítica e não me coibi de dizer aquilo que pensava sobre a reconversão urbana a que Beja foi sujeita.
Coloquei questões nas Comissões de Acompanhamento a que assisti, fui crítico no órgão autárquico onde represento a população da minha freguesia, manifestei aqui neste espaço de crónica radiofónica as minhas apreensões sobre o que se estava a fazer à cidade, e usei o meu espaço na Internet – o blog Praça da República, para escrever o quanto me doía ver desaparecer alguns dos locais emblemáticos da cidade assim como a morte do centro histórico da velha Pax-Júlia.
Chegaram ao fim as obras e hoje é o dia da inauguração oficial dos novos espaços nascidos do POLIS.
Não vou repetir aquilo que me desgosta. Não vou mencionar esta ou aquela particularidade com a qual me identifico e de que gosto.
Chegados ao fim desta etapa, é tempo de pensar e perguntar: E agora?
Não alinho nas manifestações programadas de luto dito municipal, nem em abaixo-assinados inconsequentes, organizados e promovidos pelos habituais fomentadores da propaganda e que se dedicam a fazer a política-espectáculo.
Também não vou estar ao lado daqueles que cega e arrogantemente defendem esta intervenção no tecido urbano e que não souberam, ou não quiseram, dar ouvidos a quem tinha opinião diferente.
Estarei hoje na Festa, sim, como cidadão, a quem resta uma única possibilidade, que é a de olhar para estes novos lugares e perguntar: o que é que se pode fazer para que ainda valha a pena passar, passear ou visitar a minha cidade? De que forma é que estes espaços – para uns idílicos, para outros cenários de terror, poderão reconciliar os bejenses com a sua cidade?
A resposta, caro ouvinte, está em cada um de nós e na capacidade que tivermos de obrigar os responsáveis autárquicos em dinamizar os espaços onde é possível levar a cabo actividades mobilizadoras da população. Não poderemos fazer, como se fez nesta etapa, virando as costas aos espaços que estão à nossa disposição.
Temos de ser nós, bejenses, a dizer que não queremos que esta seja, definitivamente, uma oportunidade perdida.
O mal que foi feito e que não tem solução, servirá sempre como exemplo daquilo que não se deve fazer.
Aquilo que ainda pode ter salvação – os espaços que carecem de vida, a esses, sejamos nós, aqui nascidos ou residentes, a traçar o futuro e a sugerir aos responsáveis autárquicos fórmulas de dinamização.
Se o não fizermos, Beja sucumbirá como os silos da avenida e desaparecerá como a típica calçada da velha Praça.

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13 Resposta a “CRÓNICA RÁDIO PAX”

  1. Maria diz:

    caro nkm:

    o seu apelo à população da cidade é correcto e, de certo modo, devido, contudo, penso que nunca conseguirei “encarar” a “direito” certas atrocidades que aqui se construiram, nem perceber pk é que foram feitas.

    há coisas que basta olhar “ao de leve” para elas e para o contexto onde se inserem para perceber que tá tudo errado, assim de simples.

    e custa-me, pk também sou de cá, nascida e criada e independentemente de tudo o que a nossa cidade poderia ser e não consegue ser, é a minha terra, existe um vínculo afectivo e emocional que ultrapassa tudo o resto e do qual me orgulho.

    é como daquelas coisas das quais gostamos e pronto (mas com motivo, neste caso).

    também vou tentar assistir a algumas das festas,
    não podendo deixar de reparar na ironia que vai ser conseguir mobilizar uma população cuja principal tradição cultural é deslocar-se para ir às festas das outras terras, para “inaugurar” algo que é do desagrado da grande maioria.

    mas se pensarmos bem, quando é que se voltará a ter a oportunidade de ver alguns dos artistas de que gostamos outra vez?

    é caso para notar que, quando quem pode quer, os meios surgem e as ocasiões acontecem… ou não?

    Maria

  2. Anónimo diz:

    Justamente, Maria. Neste caso, vale a pena o esforço quando o que está em causa é mostrar ao poder central que somos muito bem comportados, que terminámos as obras, em primeiro lugar e sem derrapagens orçamentais, mesmo se os resultados não servem os interesses da comunidade bejense, que é quem vive e usufrui diariamente da cidade.

    A nossa câmara “iluminada” quer o povo envolvido na festa, no “pão e circo”, mas já dispensa a sua contribuição para o projecto de requalificação da cidade. É que nisso o arquitectos são soberanos e, para além do mais, têm que deixar a sua marca, ainda que seja num centro histórico secular e merecedor do máximo respeito.

    Quanto aos restantes 364 dias do ano, chegam umas quantas noites deprimentes do programa Anibeja, de cinema no Jardim, ou 2 ou 3 espectáculos esporádicos na Casa da Cultura. É a política do “para quem é bacalhau basta”. Entende-se, por isso, por que fazemos romarias às festas dos outros. São mais dignas de uma capital de distrito do que as nossas.

    Lua

  3. Mar diz:

    Não resisto, não resisto…a Dona Maria deve andar mal informada…”pericaso” tem assistido aos espectáculos de teatro na varanda da Casa da Cultura?? Arte Pública, e da melhor! Ou aos concertos no Jardim Público, na Ermida de Santo André? Ou às sessões de cinema ao ar livre na Praça (na outra)? Ou a espectáculos dos próprios Adiafa, noutras ocasiões APOIADOS financeiramente pela CMB? Ou às maravilhosas sessões de contos na Biblioteca, únicas, reconhecidas a nível nacional? (não esquecer as Palavras Andarilhas, já tão próximas) Ou a concertos no Politécnico? Ah, ou então a Dona Maria só gosta de nomes de “cartaz” como a Mariza e os artistas locais e regionais não lhe dizem nada. Que se há-de fazer? São opções…não se discutem.
    Mas venha Dona Maria, lá nos encontraremos esta tarde e poderemos então assistir à Festa…da nossa Cidade.

  4. Maria diz:

    pois, a questão é tão simples e óbvia…

    se vamos às “festas” dos outros e à nossa “grande” festa anual k é a ovibeja (à qual acudimos em “massa”) penso que também teríamos motivos e prazer em ir a outras que valessem a pena… se existissem.

    obrigada, Lua.

  5. Maria diz:

    parece-me que o MAR tá picado.
    acontece, depois de tanto tempo “flat”…

    acaba por ser normal e, de certo modo, doloroso, ouvir verdades.

    previsível também a alusão à CMB.

    esta “mania de ser modernos” (…) que apenas lhes dá de tempos a tempos pode terminar num cenário pouco edílico… e a ouvir o josé cid.

    o povo falará na altura apropriada.
    e aí, em sede própria, se fará a avaliação devida.

    Maria.

  6. Anna diz:

    D. Maria deixe-me dar-lhe o meu apoio incondicional. E já agora adorei a alusão ao Zé Cid.
    Qto á festa de hoje lá estaremos, pois temos de aproveitar o que é bom e coisas destas acontecem quando o rei faz anos ou quando temos a inauguração de verdadeiras atrocidades com prentensões a serem modernas e bem enquadradas.Mas vou abstrair do motivo!!!!
    PS: Será que há outra festa numa outra terra perto????É que a existir, é capaz de mobilizar o pessoal.

    Anna

  7. Maria diz:

    caro “anónimo”:

    enfim…

    a minha participação neste forum tem um carácter simplista, que passa apenas e tão só, por emitir a minha opinião sobre um assunto que me tem interessado desde o seu início; não embarcarei pois em “pseudo-polémicas” em tons “pseudo-acusatórios” com quem não tem a capacidade de ler e encaixar uma opinião distinta da própria.

    Maria.

  8. nikonman diz:

    @todos – comentários que não se restrinjam ao tema em debate, são pura e simplesmente apagados. Nesta Praça mando eu e podem acusar-me de censor, que é coisa que não sou, pelo que pouco me preocupa se assim me consideram.
    Siga o debate.

  9. Mar diz:

    LOL!!! E RELOL! Toma lá mais um para apagares nikon ;-)))

  10. Mar diz:

    Vou ali ao Homem do Pau pedir para me publicar os que tu apagares aqui e já volto, OK?

  11. nikonman diz:

    @mar – só apaguei um comentário, porque anónimo e não tinha nada a ver com o tema em debate. Não necessitas anunciar que vais ao Homem do pau. Cada um vai onde quer e onde se sente melhor. Tal e qual como aqui na Praça – só cá vem quem quer.
    No hard feelings.
    Continue-se o debate.

  12. Mar diz:

    Pois lamento, mas na “embalagem” apagaste também um meu, em que respondia à Sô Dona maria. E não concebo que se apaguem comentários a não ser quando os mesmos sejam ofensivos, porque também há por aí muito maluco. O que não era o caso. De resto o gestor de um blog deve ter poder de encaixe para comentários de que goste mais ou menos, ou tem remédio fácil…retira o sistema de comntários. Por isso afirmei que iria postar os meus comentários onde não mos apagassem. Azar. O mar quando está bravo, é sabido que leva tudo à frente.

  13. Charlie diz:

    Inauguração!
    Foi formidável! Inaugurou-se o conjunto das obras Polis em Beja! Com pompa e circunstância e com as incontornáveis alterações de última hora. Mas a festa cumpriu-se e fomos inaugurados. Essa é que é essa! Gostei da festa!
    Esta manhã fui deixar o carro no parque da Ex Avenida Miguel Fernandes. Não batí com o nariz na porta porque porta não tem. Mas tem rede. Melhor, tem redes!Muitas! Redes metálicas das obras, que …..continuam! E que estão para durar. Prometem, pelo que ví aínda umas boas semanas. Deixei o carro algures. Depois fui dar uma volta pelas Portas de Mértola, tentando fazer a volta da rua do Sembrano até à rua C. F. Sousa. Helás! Fechado. Porquê? Obras que continuam…. Na mesma rua do Sembrano o espaço museulógico continua em…..obras! A Praça estava chorando, mas eu consolei-a. Não chores velha praça! Vão fazer-te obras. O Sr presidente diz que vão recuar as lajes e colocar mais pedra de calçada. Também para o Jardim do (Ba)Calhau, há notícias boas: Obras! Para melhorar (?) o que está feito.
    Há bocado, (já era noite) passei pelo nóvel Parque da Cidade, e o que ví? Nada! As luzes estão apagadas! Bom mas houve festa de inauguração. Fiquei confuso? Já não sei bem o que sinto, mas ta-se bem! Espero pelos acabar das obras. Pode ser que haja novamente festa. Eu qúero é festas. Venham as festas…. Vivam as festas. Há um parvo que diz que quer ir para a ilha…..

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