Ago 09 2004
Célia -33-
Pegou na garrafa e verteu mais uma quantidade daquele álcool.
Levou o copo à boca. Pousou-o e iniciou uma dança estranha.
Primeiro de uma forma descoordenada. Depois a um ritmo mais lento, mas mesmo assim descompassado.
Percebi que aquela seria uma noite diferente.
Pediu-me que a acompanhasse nos movimentos.
Enlacei-a pela cintura. Compreendi que me queria mais próximo.
Deixei-me embalar pela sua sensualidade.
Os nossos corpos estavam agora colados, acompanhando com movimentos suaves a música que nos embriagava.
Fez escorregar a sua mão.
Abracei-a.
A música – “Hold on my heart”- parecia dar agora os seus primeiros acordes.
Esquecemos naquele momento o copo que se entornara.
Olhei-a nos olhos. Vislumbrei-lhe umas lágrimas.
“João, estas não serão, certamente, as últimas lágrimas que derramarei no teu peito”.
Disse-mo, seguido de um adeus. Este não se assemelhou aos anteriores.
Não sei se lhe agradeci, mas era essa a minha intenção.