Jul 01 2004

“O FANTASMA DE YASHIN” – UMA RESPOSTA

Publicado por as 10:04 em Geral

Este artigo de Joaquim Letria:

mereceu a seguinte reacção do meu amigo Luís Vaz, que aqui transcrevo:

“Caro Joaquim Letria,

Há sempre uma primeira vez. Neste caso, o lugar comum aplica-se a este meu
acto compulsivo de reagir às opiniões de um profissional da comunicação
social. Ainda por cima você, por quem nutro respeito pelo muito que deu a
este País, fornecendo-lhe coordenadas para que aprendesse a reflectir
opinando e a não reflectir ecoando. (Aliás, custa-me ver o seu talento
esbanjado ao serviço de um pasquim sensacionalista; merecia, merecemos,
muito mais do ponto de vista de credibilidade madiática).

Tudo isto a propósito da sua crónica de hoje, sob o título acima, num diário
sensacionalista.

Você acha mesmo que o Eusébio deu a Ricardo um segredo bem guardado sobre a
teoria da defesa de penaltis? Ignora que este é um dos maiores lugares
comuns da escola de um guarda redes? Não se deu conta das palavras comedidas
de Ricardo sobre aquele episódio, em que apenas referiu que “de facto, o
Eusébio estava um pouco agitado e que ele lhe pediu calma, porque, em
momentos daqueles, o jogador precisa de concentração absoluta”? Não se
apercebeu das atitudes patéticas de Eusébio ao invadir o terreno de jogo
(estaria credenciado para isso?…), correr teatralmente para o atleta que
nos representava naquele momento crucial, de toalha enrolada num braço (o
que só terá sido percebido por alguns; eu pensei que ele se lesionara na
corrida), e ajoelhar-se a beijar a relva. Crê que grandes jogadores do
passado como Pelé, Di Stefano, Puskas, Cruift, Beckenbauer,… se prestariam
a tal pantomima?

Sabemos que Portugal deve bastante à figura de Eusébio. Se foi ou não o
melhor jogador português de sempre, é matéria de intensa e não conclusiva
controvérsia. Em qualquer caso, o Estado devia proporcionar-lhe meios de
subsistência que preservassem a sua imagem de espetáculos degradantes e
terceiro-mundistas como aquele, e da necessidade de protagonismos na linha
dos actos eleitorais do seu clube, nos quais mantém uma atitude prudente até
descortinar o “cavalo” vencedor e, só então, apostar de forma espalhafatosa
de molde a recolher algumas migalhas que, porventura, lhe são necessárias,
mas que o diminuem como Homem e como mito.

A glorificação de Eusébio acerca daquele momento, é um cruel esvanescimento
de um momento único do Homem que, naquela noite, terá vivido o momento de
glória da sua vida desportiva: Ricardo.

Espero voltar a lê-lo, ouvi-lo, vê-lo, em media mais adequada ao seu
talento. Sem que tenha necessidade de parecer o Eusébio.

Creia-me, com admiração,

L.S.Vaz”

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2 Resposta a ““O FANTASMA DE YASHIN” – UMA RESPOSTA”

  1. Garr diz:

    Talvez lembrar perante tanta “massa critica” e intlectualidade como é possivel 1/5 da população deste país viver abaixo do limiar de pobreza e com a maior taxa de abandono escolar da Europa?
    Deve ser toda gasta a discutir futebol…

  2. boleta diz:

    MALDITO POVO, QUE TÃO DEPRESSA ENALTECES COMO ESQUECES…!!!