Jul 20 2004
CÉLIA -27-
“De que lado da cama dormes?”. Achei aquilo um perfeito disparate. Áquela hora tardia, uma mensagem sem conteúdo, sem sentido.
Não tinha disponibilidade para lhe contar como se ocupa todo o leito. Quando já nada nos impede de ser dono daquele território. Que aquele espaço só é invadido quando apetece que alguém se transforme em invasor.
“Estás a demorar a resposta”. Incomodado, gritei-lhe em maiúsculas que os livros já ocupam ambas as mesas. Que aquela não tinha resposta.
“Que pena a tua cama só ter um lado”! Silenciei o telefone, desliguei a luz e virei-me para o lado. Não consegui dormir. Percebi então que não consigo sonhar nos dois lados da cama.