Jun 25 2004
CRÓNICA RÁDIO PAX
Está a chegar ao fim uma das fases mais importantes do Programa de Requalificação Urbana e Valorização Ambiental da cidade, conhecido como POLI’s. Digo uma das fases, pois este Projecto tem sido constituído por várias etapas sendo que a que agora se conclui, a das obras, foi aquela que, no entender dos responsáveis POLIS, mais terá afectado os cidadãos.
Criado pelo Ministro Socialista José Sócrates, este programa tinha como objectivos a melhoria da qualidade de vida nas cidades, através de intervenções de carácter urbanístico e ambiental, tendo em vista torná-las mais atractivas e competitivas no sistema urbano nacional.
Um projecto desta envergadura obrigou a que os seus responsáveis definissem em que áreas se executariam as intervenções, isto é, tomassem a decisão dos locais que iriam sofrer uma intervenção requalificadora.
Foram encontradas duas áreas: o centro histórico da cidade e o Parque da cidade.
O Parque da Cidade, sendo uma infra-estrutura criada de raiz, e devido à sua localização, à partida não criaria grandes inconvenientes aos bejenses. Já uma intervenção no Centro Histórico obrigaria a um reforço de cuidados, pois iria mexer com o dia-a-dia do cidadão.
Foi pois, talvez por isso, criada uma Comissão Local de Acompanhamento onde seriam ouvidas as sugestões, críticas e opiniões dos cidadãos.
Devo ter assistido a 3 dessas reuniões públicas, onde os responsáveis da Sociedade POLI’s nos mostraram os projectos e nos prometeram o paraíso.
Não assisti a mais reuniões pois tinha dúvidas de que alguma das propostas lançadas, quer por cidadãos anónimos, quer por pessoas pertencentes às mais diversas instituições, tivesse alguma aceitação. Para além disso, às críticas emitidas, respondiam os administradores do POLIS com a arrogância, que é uma prerrogativa de quem se julga detentor da verdade absoluta.
Nasciam, assim, neste projecto, as primeiras adversidades para os cidadãos.
Contrariedades que, ao longo de mais de 1300 dias, se foram acumulando, aumentando e multiplicando.
Não cabe no espaço de uma só crónica o que foi, durante este tempo, o projecto POLIS.
No entanto, não quero deixar passar este momento, em que o relógio está a atingir o minuto zero, para deixar aqui um lamento: que este projecto tenha sido feito sem pensar nos cidadãos.
É pena que se tenha programado uma cidade moderna e não se tenha aproveitado esta oportunidade para fazer de Beja uma urbe pós-modernista, arrojada, diferente.
Roubou-se a cidade a quem a faz e vive prometendo-se-lhe, por exemplo, mais ambiente e mais mobilidade.
Agora, que se pretende devolver a cidade ao cidadão, este virou-lhe costas, está zangado, aborrecido, sente-se traído.
A tarefa de fazer as pazes entre Beja e bejenses, não é, não pode ser, empreitada para quem provocou o divórcio. A reconciliação deve ser obra de quem viva e ame a sua terra.
O futuro dirá quem tem capacidade para empreender esta missão.