Os resultados das eleições do passado Domingo não me surpreenderam.

O Partido Socialista ganhou com uma vantagem de 11 por cento sobre a coligação PSD/PP, o que se traduziu na manutenção, por parte daquela força política, dos 12 euro-deputados de que já dispunha desde as anteriores eleições.

A coligação Força Portugal conseguiu obter uma votação que lhe permite ter 9 deputados no Parlamento Europeu. No entanto, destes, os social-democratas rumarão para o Partido Popular Europeu. Os outros, os centristas, irão engrossar o euro céptico Grupo da Europa das Nações.

Fazendo bem as contas, e não é necessário possuir grandes conhecimentos de aritmética, chega-se à conclusão que o PSD, que em 1999 havia conseguido a eleição de 9 deputados, vê agora esse número ser reduzido para 7.

Daí que só podemos tirar uma conclusão destes resultados: o grande derrotado das eleições europeias foi o PSD.

Por muitas interpretações que se pretendam fazer, quer da elevada abstenção quer dizendo que estas eleições não podem ser transportadas para um conteúdo nacional, os resultados não escondem uma realidade: os portugueses estão descontentes.
Sabemos das dificuldades que o actual governo encontrou. Também sabemos que a conjuntura económica internacional em nada ajudou a uma rápida e eficaz retoma.

Mas, pergunto eu: porque é que só o PSD é que é penalizado nestas últimas eleições?
Vou mais longe nas minhas interrogações: o PSD seria tão penalizado se estivesse a governar sozinho?

O Primeiro-Ministro, e Presidente do PSD, afirmou que pretende levar a cabo um projecto de mudança de Portugal até ao final da década. Estou inteiramente de acordo.
No entanto, parece-me que, a manter-se esta coligação, em que o PSD cede mais do que exige ao seu parceiro, os portugueses virarão as costas ao projecto de recuperação nacional e penalizarão com sucessivas derrotas eleitorais os artífices da aliança governamental.

O PSD deverá respeitar a sua tradição inter-classista e social-democrata e não pode continuar à procura de fórmulas para o simples exercício do poder.
Se Durão Barroso não souber entender os sinais evidentes que foram dados pelos portugueses, o PSD perderá em todas as frentes, entregando, de mão beijada, o poder a quem deixou o País de tanga.

E chegaremos então à conclusão que esta Coligação foi tempo perdido!
O que terá os seus custos.