Abr 02 2004
A IMAGEM DE GUTERRES
Apesar de nos encontrarmos a 2 anos de distância das eleições presidenciais, este assunto tem feito as primeiras páginas de muitos órgãos de comunicação social e servido de tema para analistas e publicadores de opinião fazerem as suas apostas e conjecturas.
Para nós, cidadãos comuns, a questão não deveria merecer mais do que meio minuto de atenção, numa altura em que, nos diversos quadrantes políticos, se vão posicionando os possíveis candidatos a candidatos, parecendo que é à direita que se virão a disputar as primárias presidenciais.
Para a esquerda, o folclore será sempre o mesmo. Será candidato da esquerda aquele que o Partido Socialista apresentar, tendo os restantes partidos que engolir os sapos que lhes forem oferecidos pelo partido da rosa.
Não tendo o PS muito por onde escolher, as atenções recaem, obviamente, na figura do ex-primeiro ministro António Guterres.
Para tal, é necessário branquear a sua imagem, para que ele apareça aos olhos dos portugueses como alguém que pode salvar o País, que poderá trazer um novo alento e esperança às gentes lusas.
Por isso, e de forma pouco inocente, o patriarca da família socialista convidou-o para a Casa Museu João Soares, em Leiria, onde lhe deu a oportunidade para, utilizando uma linguagem popular, “se começar a limpar”.
Vai daí, o nosso engenheiro, começou a tentar explicar porque abandonou a governação do País. Isto é, António Guterres toma o ponto de chegada como o ponto de partida da sua trajectória política. Para trás, nada existiu. A fase das inaugurações e do sucesso herdado, essas, virão a seguir, com fotografias da Ponte Vasco da Gama e da Expo 98, como se de obras suas se tratassem.
Agora, interessa iludir os portugueses. Segundo as suas palavras, na noite da fuga, Guterres chegou à conclusão que “não existiam condições para executar o projecto em que acreditava”.
E que projecto era esse?
Com a devida vénia, transcrevo o que escreveu um amigo meu no seu espaço na Internet:
“Guterres compreendeu que nunca haveria condições para executar um projecto que consistia basicamente em aumentar a despesa pública todos os anos para satisfazer as promessas que alegremente ia espalhando pela Lusitânia, ao sabor das sondagens. Guterres nunca reformou. O método guterreano para resolver os problemas tinha duas fases: 1º Criar um Instituto; 2º Atirar-lhe dinheiro para cima”.
Estaremos pois atentos às tentativas de fazer de Guterres uma figura angelical e que lhe vão embelezar os caminhos que levam ao Palácio de Belém. Cá estaremos para ver.