Mar 05 2004

CRÓNICA RÁDIO PAX

Publicado por as 9:58 em Crónicas

David Justino, Ministro da Educação, apresentou esta semana os resultados comparados das provas de aferição realizadas em 2003 por uma amostra de alunos do 4º, 6º e 9º anos.

Ficará para uma outra ocasião uma análise sobre estes resultados onde, mais uma vez, são postas em evidência as dificuldades que os nossos estudantes revelam na aprendizagem da língua materna e nas competências básicas na disciplina de Matemática.
Felicita-se o facto de, este ano, não terem sido apresentados os resultados em forma de médias nacionais, pelo que seremos poupados aos extensos estudos com que os articulistas residentes nos jornais de referência nos costumam bombardear, a esmagadora maioria deles em defesa do liberalismo educacional, isto é, onde se defende que as escolas do Estado são incompetentes se comparadas com os estabelecimentos de ensino privados.
O que mais me chamou à atenção nesta apresentação pública foi o anúncio, por parte do Ministro, de que está em estudo a implementação de mais um exame nacional, desta vez para os alunos do 6º ano, sendo igualmente considerada como viável a criação de um exame nacional para as crianças que acabarem aquilo a que antigamente se chamava a Escola Primária.
Sei que estes assuntos da educação escolar e do ensino são pouco mobilizadores e há quem considere que esta história dos exames só afecta quem neles tem que participar – os examinandos e respectivos pais e encarregados de educação e os docentes.
É uma pura ilusão.
A Escola – ou a comunidade educativa – tem hoje um papel primordial na formação dos nossos jovens.
Formação que, mercê dos tempos que vivemos, não se restringe às competências em determinadas disciplinas. Uma escola é hoje muito mais que um local onde se ensina e aprende matérias. É o sítio onde os nossos filhos e educandos criam laços de amizade e sociabilidade. É ali que eles também adquirem ferramentas para integração na sociedade.
A Escola é, pois, muito mais que o lugar da aquisição de saberes e conhecimentos.
Por isso, numa altura em que ainda está em discussão o sistema educativo em Portugal e em que estão em estudo os dados destas provas de aferição, parece-me descabido anunciar a criação de novos exames.
Para que irão servir estes exames?
Será que é com uma prova de 2 horas que se irá aferir o trabalho desenvolvido ao longo de um ano lectivo? E porquê a Língua Portuguesa e Matemática como disciplinas aferidoras? Será que todo o processo educativo se restringe à língua materna e ao cálculo matemático?
Espero que a futura Lei de Bases do Sistema Educativo não venha a ser um retrocesso nalguns progressos que já foram feitos e que os exames não sejam sobrevalorizados, pois os mesmos só têm servido para escalonar alunos.
Como habitualmente, deixo aqui uma sugestão aos nossos ouvintes.
A partir de Domingo, aqui bem perto, na Salvada, estará patente no Bar “A Montaria” uma exposição de fotografias de Carlos “O Maltês”, fotógrafo amador que nos vai mostrar “O Alentejo – do nascer ao pôr-do-sol”. Eu vou lá estar.
Bom fim-de-semana.

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