Jul 28 2003
A NOSSA PRAçA
Olá!
A nossa Praça é uma constante dor de cabeça. Se os moradores e comerciantes (com a restauração incluída) da zona deitam a mão à cabeça, em sinal de desespero, agora também os “fazedores da coisa” (leia-se “os projectistas”) andam às aranhas com os calhaus que os romanos por cá deixaram. Tanto assim é que, um dos projectos previstos para aquela área, e que recebeu o aplauso de toda a gente – estou a falar da renovação da rede de águas pluviais – vai ter que esperar pelo fim do século para que efectivamente se verifique. E digo fim do século, pois não passará pela cabeça de ninguém nas próximas décadas fazer uma única obra para aqueles lados, sob pena de ver as gentes daquele local fazer uma verdadeira revolução.
Deixem-me contar-vos uma coisa: vivi durante 1 ano na cidade alemã que foi considerada o maior estaleiro da Europa: Berlim. Ali procedeu-se ao reconstruir de uma cidade nova, pois a que os “camaradas” deixaram de herança, ninguém no 3º Mundo a queria. Sei do que estou a falar, pois vi as condições em que os alemães de Leste viviam na sua capital. Mas, dizia eu, naquele imenso estaleiro havia projectos arrojados, aproveitando todo o legado histórico da cidade. Em pouco menos de 10 anos conseguiu-se um feito que está à vista de todos. Berlim é hoje uma metrópole moderna e dentro dos seus muros (não estou a falar do Muro) convivem alegremente edifícios projectados pelos mais vanguardistas arquitectos com monumentos seculares e legados arqueológicos com mais de um milénio. Tudo aquilo tem sido feito com base em projectos bem estudados e elaborados.
Aqui em Beja, onde sempre ouvi dizer haver vestígios de um teatro romano, precisamente sob a Praça da República, tudo é feito em cima do joelho. Se é verdade que o centro da cidade necessita de uma “reconversão urbana”, também é verdade que expor publicamente o legado histórico dos povos que por aqui passaram seria uma forma de incremento do turismo cultural, aquele que mais vai interessando às novas gerações.
A Pax-Julia ficará mais uma vez adiada. Em nome de uma reconversão, que já se percebeu ser feita atabalhoadamente.
Se tiver interesse na notícia, leia o que o Público escreveu.